Dados do Trabalho
TÍTULO
RUPTURA ESPONTANEA DE ANEURISMA DE ARTERIA ESPLENICA: RELATO DE CASO E REVISAO DE LITERATURA
INTRODUÇÃO
Aneurisma de artéria esplênica (AAE) é o terceiro tipo mais comum de aneurisma intra-abdominal. São em geral assintomáticos, sendo que em 25% dos casos os sintomas ocorrem somente após ruptura, levando a mortalidade de 8,5%. AAE são mais comuns em mulheres, na proporção de 4:1, porém a ruptura é mais frequente em homens. A apresentação como abdome agudo torna essa entidade um diagnóstico diferencial de importância para o cirurgião geral no serviço de urgência e emergência.
RELATO DE CASO
Paciente 49 anos, masculino, deu entrada no Hospital Geral de Palmas relatando dor abdominal difusa intensa, há 3 horas, em pontada, início súbito durante esforço miccional, associada a turvação visual, sudorese profusa e astenia. Sem história de trauma recente. Alterados ao exame físico: dor à palpação abdominal em hipocôndrio e fossa ilíaca esquerdos. Exame laboratorial de entrada: hemoglobina (Hb) 11,7 g/dL, hematócrito (Ht) 35,6%. Evoluiu com melhora de sintomas após analgesia e estável por cerca de 12 horas. Após o período, iniciou novo quadro de dor súbita, sudorese profusa e hipotensão postural. Ao exame físico, regular estado geral, normotenso, hipocorado, desidratado, acianótico, taquicárdico, abdome distendido e tenso, descompressão brusca dolorosa difusamente; Hb 7,7 g/dL, Ht 23,7%. À tomografia computadorizada de abdome: presença de líquido livre e massa heterogênea periesplênica sugestiva de coágulo. Foi submetido à laparotomia exploradora. No intra operatório, foi observado AAE roto, realizado esplenectomia e drenagem da cavidade. Recebeu alta hospitalar no 4º dia pós-operatório. Estudo histopatológico revelou formação pardo acinzentada e firme elástica no hilo esplênico com dimensões de 5,2 x 3,5 x 2 cm.
DISCUSSÃO
AAE corresponde a 60% de todos os casos de aneurismas viscerais, acometendo mais mulheres que homens, sendo a ruptura mais comum nesses. No relato temos um paciente masculino. Geralmente assintomáticos, a ruptura ocorre em 25% dos casos, com mortalidade de 8,5%. Nosso paciente deu entrada com um quadro de dor abdominal súbita, sem sintomas prévios. Os AAE podem se apresentar também como hemorragia digestiva. Considerando sua etiologia e fatores predisponentes, não foi identificado na história do paciente comorbidade ou trauma que justificassem seu diagnóstico. A ruptura de um AAE pode ocorrer como um evento abrupto e único levando o paciente rapidamente ao choque hipovolêmico, entretanto também pode ocorrer como uma dupla ruptura. Dessa forma, decorre um período maior entre o evento inicial e o colapso circulatório, assim como descrito no caso, no qual o paciente se manteve estável hemodinamicamente por mais de 12 horas após o que acreditamos ter sido o momento da ruptura. AAE roto é importante diagnóstico diferencial a ser considerado em pacientes que apresentem dor abdominal aguda associada à choque hipovolêmico. A alta mortalidade eleva a responsabilidade do cirurgião em reconhecer os sinais e indicar o tratamento adequado em tempo hábil.
Área
CIRURGIA VASCULAR
Instituições
Universidade Federal do Tocantins - Tocantins - Brasil
Autores
Amanda de Lima Rodrigues, Camila Rodrigues de Oliveira Galhardo, Antônio Rêgo Clemente de Jesus, Rodrigo Costa Ferreira, Bruno de Oliveira Araújo Sousa