Dados do Trabalho


TÍTULO

RECONSTRUÇAO DE PAREDE TORACICA EM REGIAO TORACOABDOMINAL ANTERIOR APOS RESSECÇAO DE NEOPLASIA MALIGNA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Dentre os tumores malignos de parede torácica, 50% são representados pelos sarcomas de partes moles. Seu tratamento é a exérese da lesão com margens amplas. Se margens positivas, a radioterapia adjuvante é preconizada.
Esta ressecção pode levar a ruptura a parede torácica. Apesar de controverso, acredita-se que defeitos >5cm ou >3 arcos costais segmentares se beneficiarão da reconstrução da parede torácica para: estabilização esquelética, manutenção da cavidade hermética, proteção às vísceras e reabilitação psicossocial.
O objetivo deste relato é apresentar a reconstrução da parede torácica de um adulto com diagnóstico de rabdomiossarcoma pleomórfico (RMP) de alto grau (sarcoma de origem musculoesquelético) em região tóracoabdominal anterior.

RELATO DE CASO

C.S., 61 anos, masculino, com lesão em hemitórax direito há 25 anos e crescimento rápido nos últimos meses. EF: lesão exofítica pediculada ulceronecrótica aderida profundamente à parede torácica direita próxima ao apêndice xifoide com área de infiltração ao redor de aprox. 15x15cm. Biópsia incisional: RMP de alto grau. TC: lesão exofítica de 7,8x7cm que infiltrava o subcutâneo e musculatura intercostal. Foi realizado:
Toracectomia para exérese da lesão com esternotomia transversa, secção dos arcos costais 5º-8º à direita e 5º-7º à esquerda, laqueadura bilateral de artérias torácicas internas (ATI) produzindo defeito octogonal de 18x22cm;
Estabilização da parede com inclusão de tela de polipropileno em 2 camadas;
Demarcação do pedículo por dopplermetria e transposição de retalho músculo grande dorsal direito com ilha cutânea octogonal de 18x22cm;
Área doadora: autoenxertia cutânea em malha e inserção de dreno de aspiração contínua;
Dreno torácico em hemitórax esquerdo;
Após 25 dias de internação, paciente teve alta com boa expansibilidade pulmonar, sem derrames ou pneumotórax.
Mantem seguimento com retalho bem perfundido e sem queixas. Biópsia da peça evidenciou margens livres.

DISCUSSÃO

O refinamento dos retalhos musculocutâneos tornou a reconstrução de parede torácica mais plausível possibilitando ressecções extensas, diminuição de recidiva local e aumento da sobrevida.
Tais retalhos, cuja vascularização é axial, baseiam-se em vasos dominantes e podem conter vários tipos de tecidos. O fato do paciente ser longilíneo e magro permitiu ótimo arco de rotação, contribuindo decisivamente para escolha do retalho musculocutâneo de grande dorsal, e ilhas cutâneas doadoras >12cm necessitam de autoenxertia cutânea. O implante de material aloplástico distribuiu a tensão de forma homogênea em estruturas rígidas mimetizando a proteção do arcabouço ósseo, e é capaz de induzir infiltração fibrovascular cobrindo o contorno do defeito.
Dentre outras opções preteridas: o uso do reto abdominal seria comprometido pela laqueadura das ATI; e o retalho de grande omento produziria comunicação entre as cavidades abdominal e torácica possibilitando herniação de vísceras e necessidade de enxerto cutâneo num 2º tempo.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)

Instituições

Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP - São Paulo - Brasil

Autores

Rafael Eiki Takemura, Maria Madalena Silva, Erica Nishida Hasimoto, Carolina Gomes Cachola, Aglaia Moreira Garcia Ximenes