Dados do Trabalho
TÍTULO
ABDOME AGUDO EM PORTADOR DE ANOMALIA MORFOLOGICA: UM DESAFIO DIAGNOSTICO
INTRODUÇÃO
A apendicite aguda é a causa mais frequente de abdome agudo e de operações de urgência e emergência dentre as cirurgias gastrointestinais1,2,3,4,5.. Com uma prevalência de aproximadamente 7% na população. Tem um pico de incidência entre 10-14 anos no sexo feminino e entre 15-19 anos no sexo masculino6. Estima-se que 90 a 100 pessoas por 100.000 habitantes terão essa doença por ano7. Raramente a apendicite pode apresentar dor no lado esquerdo. Isso geralmente acontece devido a anormalidades como o situs inversus totalis (SIT) ou má rotação do intestino médio3. O SIT dificulta o diagnóstico e o manejo da dor abdominal aguda, já que nesses casos os sintomas e sinais podem confundir o examinador devido à posição anormal dos órgãos intra-cavitários8. A incidência de apendicite aguda associada com esta anomalia é relatado entre 0,016% e 0,024%9.
O diagnóstico de SIT pode ser baseado em exame físico, radiografia de tórax, ultrassonografia (USG) e tomografia computadorizada (TC)1. Com o diagnóstico de SIT estabelecido, as opções cirúrgicas são as mesmas que para pacientes normais 9,10. A apendicectomia é o tratamento de escolha6.
RELATO DE CASO
Paciente de 20 anos, sexo masculino, pardo, natural e procedente de Rio Branco, Acre. Foi atendido no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco – Acre (HUERB) em agosto de 2018, com história de dor abdominal progressiva que teve início 5 dias antes do atendimento, em hipogástrio e fossa ilíaca esquerda, irradiava-se difusamente, acompanhada de episódios de vômitos e febre não aferida. Negou hiporexia ou parada de eliminação de flatos e fezes.
O paciente apresentava abdome plano, ruídos hidroaéreos presentes, dor à palpação superficial e profunda, sendo em maior intensidade na fossa ilíaca direita, hipogástrio e fossa ilíaca esquerda, com dor à descompressão brusca em fossa ilíaca esquerda e irritação peritoneal.
Foi evidenciada à ultrassonografia de abdome imagem cilíndrica terminando em fundo cego, com densificação da gordura adjacente e líquido ao seu redor, localizada na fossa ilíaca esquerda, medindo 34x20mm. Foi submetido, então, à apendicectomia. Paciente evoluiu bem no pós-operatório imediato, tendo sido realizada antibioticoterapia com metronidazol e ceftriaxona por sete dias.
DISCUSSÃO
Em paciente com SIT, devido à topografia contralateral das vísceras, o diagnóstico é mais demorado, ocasionando um tratamento postergado, com índices maiores de complicações e gerando um risco maior de morbi-mortalidade nos casos diagnosticados tardiamente4.
O paciente deste relato de caso não sabia ser portador de SIT, o que gerou um atraso em seu diagnóstico. Somente através dos exames de imagem foi possível chegar ao diagnóstico de apendicite aguda. O procedimento cirúrgico além de confirmar a patologia também realiza o tratamento adequado de apendicectomia. Apesar disso, o quadro de apendicite complicada– perfurada com peritonite difusa –é um fator preditor de complicação pós-operatória em apendicite10.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
Universidade Federal do Acre - Acre - Brasil
Autores
João Marcos Santos Silva, Melquior Brunno Mateus Matos, André Adler Batista Paulino, Fernanda Facincani Medeiros Bezerra, Marcos Daniel Sousa Xavier, Samara Duarte Oliveira, Roxane Castro Alexandre, Hercules Magalhães Olivense Carmo