TÍTULO

ADENOCARCINOMA MODERADAMENTE DIFERENCIADO DE APENDICE CECAL PADRAO INTESTINAL, COM ACOMETIMENTO LINFONODAL E METASTASE: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Como o apêndice vermiforme apresenta a mesma embriologia do intestino grosso e os mesmos fatores de risco para um tumor de colón (tais como, sedentarismo, dieta, tabagismo, alcoolismo e idade), predispõe-se também a um tumor de apêndice. Os tumores de apêndice são achados anatomopatológicos, visto que se manifestam como apendicite aguda, e não como neoplasia.

RELATO DE CASO

J.A.V.A., 67 anos, sexo masculino, sem comorbidades, tabagista, dor lombar à direita irradiando para abdome anterior direito há 4 meses. Procurou atendimento devido à piora considerável da dor. Ausência de náuseas e vômitos e de alteração do hábito intestinal. Exame físico: paciente emagrecido e dor à palpação superficial e profunda de todo o abdome, sem demais achados. Radiografia de abdome agudo: distensão gasosa e de alças cólicas com formações de níveis hidroaéreos. Radiografia ortostática: sem nitidez do contorno do psoas. Tendo em vista o quadro clínico descrito, optou-se por laparotomia exploradora.
Durante o procedimento cirúrgico, houve saída de grande quantidade de secreção purulenta, com ceco e base apendicular bloqueados. O apêndice foi encontrado solto, aderido à parede abdominal. Apresentava características de carcinomatose peritoneal, com lesões em omento e massa palpável retrovesical. Realizado hemicolectomia direita e apendicectomia. Coletado material para biopsia de omento, bexiga e peritônio.
Devido à cavidade abdominal contaminada e com características de carcinomatose peritoneal, optou-se por anastomose ileotransverso latero-lateral anisoperistaltica com ileostomia protetora. Mantido acompanhamento em ambulatório de coloproctologia até resultado de anatomopatológico (adenocarcinoma moderadamente diferenciado com padrão intestinal), com ileo funcionante, mas pouca aceitação de dieta. Por fim, paciente encaminhado à oncologia para seguimento.

DISCUSSÃO

O adenocarcinoma de apêndice é um tipo raro de neoplasia, encontrado em cerca de 0,5% das apendicectomias e cujo diagnóstico depende da análise do anatomopatológico, posto que muitas vezes se manifesta como apendicite aguda. Quando diagnosticado como adenocarcinoma de apêndice, uma hemicolectomia direita é recomendada em segundo tempo, uma vez que aumenta a sobrevida do paciente. Neste caso, optou-se por uma hemicolectomia direita em primeiro tempo devido a achados intraoperatórios. Dos tipos histológicos do tumor de apêndice, o adenocarcinoma é o mais raro e pode ser divido em cistoadenocarcinoma, produtor de mucina e geralmente bem diferenciado, e tipo intestinal, não produtor de mucina e pouco diferenciado. No quadro descrito, o adenocarcinoma era tipo intestinal e, além da metástase, também apresentava invasão linfonodal, mais comum no tipo produtor de mucina.