Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA PANCREATICA POS TRAUMA ABDOMINAL CONTUSO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Nos traumas contusos, os órgãos mais acometidos são baço e fígado, principalmente o baço. As lesões pancreáticas decorrentes de trauma são raras, conferindo somente 3 a 12% dos pacientes com lesões abdominais, sendo 1,1% em traumas penetrantes e apenas 0,2% em traumas contusos. Não obstante, ela está associada à uma alta morbimortalidade, sendo necessária uma abordagem precoce. No entanto, nesses casos habitualmente as lesões são multiviscerais tornando o diagnóstico difícil e tardio, acarretando pior prognóstico.

RELATO DE CASO

WLS, sexo masculino, 46 anos, é admitido no serviço com instabilidade hemodinâmica por trauma abdominal fechado após acidente automobilístico. Realizado ultrassonografia FAST com resultado positivo. Encaminhado à laparotomia exploradora (LE) identificou-se lesão hepática grau II, lesão pancreática e lesão em cólon transverso. Dadas às lesões apresentadas foi feita pancreatorrafia e colonorrafia com fio prolene, hemostasia e colocação de dreno de Waterman. No pós-operatório, paciente permaneceu estável, porém com dreno de alto débito secretivo, aspecto seroleitoso, altas doses de amilase após exame laboratorial do fluido, sugerindo presença de fístula pancreática (FP). O paciente foi reabordado cirurgicamente em LE, sendo identificada lesão de ducto pancreático no intraoperatório, executada drenagem de abcesso peripancreático, lavagem da cavidade e colocação de dreno de Blake. Mesmo após confirmação de FP êntero-atmosférica não houve a necessidade de realização de pancreatectomia. No pós operatório seguiu estável, sem intercorrências.

DISCUSSÃO

A lesão pancreática no trauma abdominal contuso é rara e geralmente multivisceral. O caso posto mostra como o paciente mesmo após lesão de ducto pancreático e complicação por fístula teve desfecho favorável sem necessidade de pancreatectomia. Há uma variedade de intervenções possíveis para correções de lesões pancreáticas, a depender do tipo de lesão, sendo esta escolha a parte mais difícil no controle de danos ao paciente. No relato, a rafia pancreática no primeiro momento permitiu a preservação do órgão, porém evoluiu com complicação, a FP, requerendo nova laparotomia. A FP é caracterizada pelo vazamento de líquido pancreático como resultado da ruptura dos seus ductos. Essa pode ocorrer após pancreatite, ressecção pancreática ou, raramente, por trauma. Após segunda intervenção, com correção da fístula, pode-se observar que a escolha do cirurgião proporcionou, ao final, perda mínima de tecido pancreático. Devido a raridade de tais lesões, os estudos não mostram um consenso sobre qual a conduta preferencial, mas aparece a pancreatoenterostomia ou pancreatogastrostomia como as opções de conduta conservadora juntamente com sutura do ducto proximal, sendo esta última a realizada no caso. Assim, não houve necessidade de uma abordagem mais agressiva, mesmo em vista desta rara condição. O paciente evoluiu sem débito em dreno de Blake e à tomografia computadorizada seu pâncreas encontra-se estável.

Área

TRAUMA

Instituições

UNIVERSIDADE POTIGUAR - Rio Grande do Norte - Brasil

Autores

LUCAS SOLON DIAS FARIAS, LAYANE BARRETO COSTA, DANIELY PESSOA MOREIRA, FRANCIMAR KETSIA SERRA ARAÚJO, ANA CECÍLIA ANGELO MATIAS, NOELE GURGEL D'ÁVILA, LUIZ FREDERICO BEZERRA HONORATO JUNIOR, LEONARDO DE PAIVA AUTRAN NUNES