Dados do Trabalho


TÍTULO

TRATAMENTO ENDOVASCULAR DA DISSECÇAO AORTICA CRONICA: UM RELATO DE CASO.

INTRODUÇÃO

Os aneurismas dissecantes de aorta decorrem do início súbito de fluxo sanguíneo entre as camadas média e íntima do vaso. Sua incidência é de 3/100.000 habitantes/ano, com distribuição etária bimodal. Apesar dos avanços, possuem alta morbimortalidade cardiovascular. A dissecção aórtica (DA) tipo B de Stanford é tratada prioritariamente com suporte clínico, com indicação intervencionista em caso de complicações.

RELATO DE CASO

J.M.L, 80 anos, hipertenso sem tratamento e ex-tabagista, apresenta-se com dor torácica de forte intensidade e irradiação dorsal há 15 dias, sem melhora com analgésicos. Regular estado geral, com pressão arterial de 140x70 mmHg e sopro sistólico em foco aórtico. O ecocardiograma transtorácico (ECOTT) evidenciou dissecção de aorta ascendente, valva aórtica bicúspide (VAB), hipertrofia ventricular esquerda e insuficiência aórtica moderados. Na angiotomografia com contraste (ATC) foi revelado DA de Bakey 1 e DA tipo B de Stanford com acometimento de aorta toraco-abdominal, abdominal e de artérias ilíacas direita e esquerda. Encaminhado à cirurgia para correção de aneurisma de DA de Bakey 1 com tubo de Dacron associado a endoprótese em aorta descendente e implante de valva aórtica biológica. Após 74 dias, realizou correção cirúrgica da DA tipo B, implantando 04 endopróteses (em aorta toraco-abdominal, em aorta abdominal, em ilíaca direita e ilíaca esquerda). Após evolução favorável, recebeu alta no 82º dia para acompanhamento ambulatorial.

DISCUSSÃO

Trata-se de um caso de DA com acometimento ascendente e descendente do vaso. O paciente apresentava fatores de risco clássicos como aterosclerose, hipertensão, tabagismo, sexo masculino e VAB. O correto diagnóstico é desafiador, devido a baixa incidência e pela apresentação inespecífica, com primeiro diagnóstico equivocado em 38% na avaliação inicial. A dor torácica aguda com irradiação para o dorso é o principal sintoma encontrado, associado a quadro hipertensivo, como apresentado. A ATC é uma opção viável e rápida com sensibilidade e especificidade de até 95%. No caso foi realizado ECOTT e ATC confirmando o diagnóstico. O tratamento cirúrgico é indicado quando ocorre rápido aumento do diâmetro aórtico, sinais de ruptura, síndromes isquêmicas ou dor intratável. A técnica endovascular (TE) demanda maior habilidade e há morbimortalidade menor comparada ao tratamento cirúrgico convencional, pois evita o clampeamento aórtico. Os stents ocluem os orifícios de entrada da dissecção, reorganizam as camadas do vaso e previnem a entrada do sangue entre elas, evitando trombose da falsa luz, contribuindo para remodelamento aórtico favorável e diminuição dos eventos clínicos. A mortalidade da correção cirúrgica da DA tipo B é aproximadamente 30%, sendo as principais complicações a ruptura aórtica, a síndrome de má perfusão e a dissecção retrógrada. A principal desvantagem é a maior predisposição a reintervenções a médio e longo prazo. Neste caso, o paciente evoluiu de forma estável e sem intercorrências.

Área

CIRURGIA TORÁCICA

Instituições

Hospital Universitário Onofre Lopes - Rio Grande do Norte - Brasil

Autores

Clevanildo Brito de Sousa Júnior, Daniely Pessoa Moreira, Hernani de Paiva Gadelha Júnior, Layane Barreto Costa, Lucas Solon Dias de Farias, Natassia Vianna Bocchese, Noele Gurgel Dávila, Rayani Diógenes Umbelino Reis