Dados do Trabalho
TÍTULO
CANCER DE PENIS METASTATICO EM ADULTO JOVEM: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Paciente de 25 anos, acometido por carcinoma escamoso moderadamente diferenciado com invasão vascular, perineural e metástase linfonodal referindo 4 meses de evolução. Neoplasia fora da faixa etária habitual com tumor em pT3. Nega zoofilia e diagnóstico de HPV ou IST's. Esse tipo de neoplasia está relacionada à higiene precária, múltiplos parceiros e baixa escolaridade, com maior taxa epidemiológica na regiões norte e nordeste do país.
RELATO DE CASO
Foi atendido por urologista, com queixa de prurido e úlcera em pênis iniciada há quatro meses. Referiu que, dois dias após relação sexual desprotegida e sem posterior higiene, apresentou prurido em prepúcio, que se expandiu associado a processo inflamatório. Este evoluiu acometendo toda a circunferência peniana e glande em 2 meses. Alegou, ainda, ter realizado tratamento tópico, todavia sem melhora.
Em atendimento, C.A.C.C. apresentava lesão úlcero-vegetante, com deformidade balanoprepucial de toda a circunferência peniana; 2/3 do comprimento do corpo e glande, com cerca de 10 cm de diâmetro; superfície de tecido friável; secreção purulenta abundante; e odor fétido intenso, associado a linfonodos inguinais esquerdos visíveis, endurecidos, móveis e sem fistulização. Realizada biópsia incisional em hospital terciário, com anátomopatológico conclusivo de carcinoma escamoso (CCE) moderadamente diferenciado e invasivo. Com o resultado, foi internado para estadiamento e planejamento cirúrgico. Em seguida, iniciou antibiótico terapia, com proposta de 40 dias, após 7 dias de uso não apresentava sinais infecciosos, porém sem regressão linfonodal. Submetido a penectomia parcial, com proposta de reabordagem para esvaziamento inguinal após o término do ATB. Peça com margem livre e estágio T3, invasão até a túnica albugínea, com foco de invasão vascular e infiltração perineural.
DISCUSSÃO
Esse caso é relevante para a comunidade médica, em razão do período sem diagnóstico, da evolução rápida da doença, e da morbidade do paciente adulto jovem após o tratamento.
Após revisão sistemática em metanálise, nas bases de dados da European Association of Urology (EAU) e do Medline/LILACS, identificou-se que a faixa etária predominantes é de 63 anos (23-80 anos), com casos esporádicos em homens menores de 40 anos. O CCE é o tipo mais frequente e corresponde a cerca de 90% dos casos. Se o diagnóstico é precoce, a biópsia excisional pode retirar a neoplasia sem alteração de funcionalidade, porém a grande maioria tem diagnóstico tardio. Na presença de metástase linfonodal, há grande impacto no prognóstico. A sobrevida global dos pacientes nos estágios III e IV é de 59% em 5 anos, enquanto os em estágio I e II tem sobrevida de 85% em 5 anos. A penectomia parcial teria menor repercussão psicossocial em pacientes idosos quando comparado ao adulto jovem. Após penectomia parcial C.A.C.C. terá que encontrar outras formas de se relacionar sexualmente, pois não haverá possibilidade de penetração. Além disso, terá que adaptar-se à micção.
Área
UROLOGIA
Instituições
UFMT - Hospital Universitário Júlio Muller - Mato Grosso - Brasil
Autores
LUIZ FERNANDO LOPES DE ALMEIDA MOLINA , NATHÁLIA RÓS SIMÃO, RAFAEL DANILO RODRIGUES DO AMARAL, RENAN VICENTE SOHN, THIAGO TEIXEIRA DO NASCIMENTO