Dados do Trabalho


TÍTULO

SANGRAMENTO DIGESTIVO BAIXO POR GIST JEJUNAL – RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST) é uma neoplasia considerada rara, com incidência de 1,0% a 3,0% de todos os tumores do trato gastrointestinal (TGI). Acomete todo o TGI, porém não é exclusivo deste. A maioria dos casos localiza-se no estômago (60%), seguidos pelo intestino delgado (30%), reto (3%), cólon (1% - 2%) e esôfago (<1%). Origina-se das células intersticiais de Cajal, que fazem a ligação das células musculares lisas ao plexo mioentérico, regulando o peristaltismo do TGI. Por vezes assintomático, pode ser causa de sangramento gastrointestinal e quando presente no intestino delgado constitui um grande desafio ao diagnóstico. Ressalta-se a importância do caso frente a sua baixa ocorrência clínica, assim como seu reduzido número de artigos publicados na literatura.

RELATO DE CASO

Masculino, 78 anos, caucasiano, com quadro de dor abdominal discreta e hemorragia digestiva baixa manifestada por melena recorrente. Endoscopia digestiva alta sem alterações. À colonoscopia foi identificada a presença resíduos de sangue em todo cólon e no íleo terminal, sem sinais de sangramento ativo. Realizada angiotomografia sem alterações e à arteriografia mesentérica evidenciou-se lesão sangrante que distava cerca de 20 a 30 centímetros da reflexão duodenojejunal. Submetido à laparotomia e identificada lesão em segmento jejunal a 30 centímetros do ângulo de Treitz. Realizada enterectomia segmentar com anastomose primária. Exame anatomopatológico revelou processo de células fusiformes, com margens livres, medindo 3,5 x 2,5 centímetros e ausência de mitoses em 50 campos de grande aumento. Análise imunohistoquímca demonstrou tratar-se um GIST com marcadores CD117 positivo intenso e difuso e CD34 positivo em áreas focais. Evolução pós-operatória satisfatória. Encontra-se em acompanhamento ambulatorial e sem terapia adjuvante.

DISCUSSÃO

O quadro clínico dos GIST geralmente é inespecífico e depende do tamanho e localização dos tumores. Seu diagnóstico é obtido através da história clínica, exame físico complementado pela EDA, colonoscopia, ultrassonografia e a tomografia computadorizada (TC), sendo este o mais empregado para diagnóstico e estadiamento. A arteriografia também pode ser útil no diagnóstico e localização da lesão, quando os outros exames de imagem não forem capazes de identificar tal sítio, principalmente naquelas que comprometem o intestino delgado, como o caso relatado. A cirurgia com ressecção R0 é a única capaz de possibilitar cura, sendo indicada abordagem cirúrgica sempre que houver tumores maiores que dois centímetros. A linfadenectomia não deve ser feita de forma sistemática, pois a disseminação ganglionar é insólita. O prognóstico dos pacientes está relacionado ao tamanho do tumor e ao número de mitoses por 50 campos de grande aumento. Lesões de muito baixo risco não é indicado o seguimento com exames de rotina, contudo deve-se lembrar que o risco de recorrência não é inexistente.

Área

INTESTINO DELGADO

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil

Autores

José Otávio Guedes Junqueira, Ana Flávia Andrade Costa, Bruna Bandeira Oliveira Junqueira, Thaís Bandeira Oliveira Junqueira, Lucas Lacerda Gonçalves, Fernando Mendonça Vidigal