Dados do Trabalho
TÍTULO
GASTROPLASTIA PARA CORREÇÃO DE OBESIDADE: COMPLICAÇÕES E REINTERNAÇÕES
INTRODUÇÃO
O tratamento cirúrgico da obesidade com a técnica de Bypass Gástrico é efetiva, pois após a cirurgia, a quantidade de alimentos ingeridos e absorvidos é substancialmente menor. Em quase todos os pacientes que mantém mudança de hábito alimentar e práticas de atividades físicas regulares, há perda de peso de maneira adequada e duradoura, porém infecção, hérnia e fístula são algumas das complicações que podem ocorrer após a cirurgia. A fistula gastro-gástrica consiste numa comunicação anormal entre o reservatório gástrico e o estomago excluído, que geralmente acontece no pós-operatório tardio, como foi o caso da nossa paciente descrito neste relato.
RELATO DE CASO
Paciente N.C.A.R, feminino, 26 anos, realizou em 15/01/2015 um Bypass Gastrico em Y de Roux com um peso de 125 kg nessa data (IMC 46), sendo o menor peso atingido pós-operatório de 85 kg.Teve alta hospitalar em 19/01/2015.
Em 22/01/2015 retornou ao nosso serviço de saúde, evoluindo com peritonite fúngica e posteriormente empiema a esquerda, que foram devidamente tratados. A paciente no dia 14/04/2015 retornou ao ambulatório queixando-se de dor abdominal, por meio de uma TC identificou-se um abcesso subfrênico que foi tratado com uma punção guiada por USG.
Em 26/02/2018, paciente retorna com queixa de dor epigástrica esporádica, vômitos pós-prandiais, diarreia e quadro de ganho ponderal de 7kg em 5 meses.
Ao realizar EDA e EED foi revelado uma comunicação entre o “pounch” e o estômago excluso. Foi programado uma reabordagem cirúrgica, no intraoperatório evidenciou-se um trajeto fistuloso entre o pouch gástrico e o jejuno, onde a alça jejunal dobrava-se sobre o estômago. Esse trajeto fistuloso colocava em trânsito a porção do estômago que ficara excluso na primeira cirurgia, invalidando toda intervenção cirúrgica prévia. Optou-se por suturar os 3 orifícios formados, além disso realizaram gastrectomia proximal do estômago excluso, preservando apenas piloro e antro. A paciente evoluiu bem no pós-operatório.
Em 12/05/2018, a paciente retorna ao serviço com queixas de dor, náuseas, vômitos e saída de secreção sero-hemática da ferida operatória que tornava possível suspeitar de obstrução da alça duodenal. Realizou-se uma laparotomia e nessa, um by-pass duodeno-jejunal latero-lateral no início da alça comum. Desde então a paciente encontra-se estável, retornando ao ambulatório de cirurgia bariátrica, alimentando-se normalmente e em bom estado geral.
DISCUSSÃO
A fistula gastro-gástrica (GGF) é uma comunicação entre a bolsa gástrica e o estômago excluso. É uma complicação rara, sendo sua incidência variando entre 1,5% e 6,0%.
O sintoma mais comum dessa complicação é a perda ou ganho de peso inadequados. Ulceração marginal intratável, hemorragia gastrointestinal superior recorrente, dor e vômitos pós-prandiais.
Atualmente, não há nenhuma técnica cirúrgica específica para tratar GGF. A abordagem possível é a realizar uma gastrectomia do estômago excluso com a secção da bolsa gástrica e bloqueio do trajeto fistuloso
Área
CIRURGIA DA OBESIDADE - METABÓLICA
Instituições
FACULDADE DE CIÊNCIAS MEDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO - São Paulo - Brasil
Autores
FABIO ROBERTO PEREIRA ALMEIDA JR, MARIANA AQUINO ZANOTTI, BERNARDO PROCACI KESTELMAN, ANA FERNANDA FRANCHI GUERRA CASTELFRANCHI, FELIPE ARAUJO MORAES SANTOS, WILSON RODRIGUES FREITAS JR