Dados do Trabalho


TÍTULO

HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA COMO UMA RARA MANIFESTAÇAO DE LINFOMA DIFUSO DE GRANDES CELULAS B

INTRODUÇÃO

Hemorragia digestiva alta (HDA) maciça é uma condição que necessita de intervenção urgente. Lesões malignas são responsáveis por menos de 4% dos casos, sendo as malignidades hematológicas raríssimas e, geralmente, provenientes do duodeno. Linfomas Não Hodgkin primários do trato GI são raros, representando 1-4% das malignidades de estômago, duodeno ou cólon.
Neste caso, apresentamos um linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) do terço proximal gástrico como causa primária de uma HDA maciça.

RELATO DE CASO

I.S.S, feminino, 79 anos, sem comorbidades, com entrada no CTI há 24 horas com HDA, sem queixas relacionadas anteriores. Endoscopia digestiva alta (EDA) sem sucesso na avaliação diagnóstica e controle da hemorragia devido a sangramento vultuoso. Submetida à laparotomia exploradora, evidenciando neoplasia de fundo e corpo gástricos com expressão serosa e infiltração dos ligamentos espleno-gastrico e espleno-pancreático e múltiplas aderências a omento e baço. Realizada gastrectomia total, esplenectomia e reconstrução do trânsito com anastomose esôfago-jejunal em Y de Roux. Histopatológico da lesão confirmou LDGCB ulcerado, com comprometimento de dois linfonodos perigástricos em parede posterior e do limite cirúrgico proximal, sem evidência de infecção por Helicobacter pylori. Encaminhada ao CTI, paciente evoluiu com internação prolongada, por fístula pancreática, tratada conservadoramente e insuficiência respiratória, com recuperação após duas semanas de ventilação mecânica. Após isso, seguiu em reabilitação respiratória e motora.

DISCUSSÃO

As neoplasias correspondem a menos de 4% das causas de HDA com repercussão hemodinâmica levando a quadros emergenciais, e dessas, a grande maioria são representadas por adenocarcinomas. Nosso levantamento encontrou apenas dois casos de linfomas de grandes células B como responsáveis por esse tipo de quadro. Nesse contexto, ressaltamos que, diferentemente do descrito na literatura, em nosso caso, HDA foi a primeira manifestação da doença e não obteve sucesso com controle endoscópico.
O tratamento dos linfomas gástricos na maior parte dos casos é feito com quimioterapia isolada, sendo o tratamento cirúrgico reservado para doença gástrica isolada, recidiva sintomática após falha do tratamento e naqueles que desenvolvem complicações como sangramento, obstrução ou perfuração. A ressecção cirúrgica para cura ou paliação é o tratamento de escolha para HDA secundária a malignidades, diferentemente das demais causas onde a EDA se destaca como primeiro tratamento. Ressaltamos ainda que o resultado negativo para H. pylori na peça cirúrgica é de menor relevância, visto que, apesar desta infecção ser relacionada à patogênese de diversas doenças gástricas, inclusive linfomas MALT, sua relação com o LDGCB não foi determinada. Os autores acreditam que esse caso é relevante pois na literatura existem poucos casos descritos como este e ressaltam a importância do correto diagnóstico e tratamento de uma HDA maciça, que podem ser secundários à uma neoplasia

Área

ESTÔMAGO E DUODENO

Instituições

Hospital Pasteur - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Bruno Knaak de Abreu, Paula Ferreira Brasil, Luísa Vieira Souto Salgueirinho de Salles Abreu, Marvin Willie Silva Foster, Ana Clara Monte Gonçalves, Rodrigo Martinez