Dados do Trabalho
TÍTULO
CIRURGIA PANCREATICA COM RECONSTRUÇAO PORTAL DE DOADOR CADAVERICO PARA TRATAMENTO DE NEOPLASIA DE PANCREAS
INTRODUÇÃO
Aproximadamente 55.440 pessoas desenvolvem câncer pancreático exócrino por ano nos Estados Unidos, e quase todas morrem de sua doença. No Brasil, ele representa 2% de todos os tipos de neoplasias malignas, sendo responsável por 4% do total de óbitos. A duodenopancreatectomia é o único tratamento com possibilidade de cura para tumores da região peri-ampular. As técnicas cirúrgicas de ressecção e reconstrução vascular mesentérico-portal durante uma duodenopancreatectomia vem apresentando taxas de morbimortalidade reduzidas a níveis aceitáveis.
O presente resumo objetiva apresentar um relato de caso de uma paciente submetida à ressecção e reconstrução vascular durante a duodenopancreatectomia.
RELATO DE CASO
Paciente Z.S.P, 69 anos, feminino, branca, nega etilismo, tabagismo e alergias. Internada em município vizinho por pancreatite de provável etiologia biliar e colelitíase, foi encaminhada ao serviço por dilatação das vias biliares. Na ocasião referia dor abdominal na região epigástrica com irradiação para o hipocôndrio direito, há cerca de 1 mês, acompanhada de diarreia com fezes líquidas e amareladas, náuseas e vômitos. Nega episódios prévios semelhantes. Ausência de febre, icterícia, colúria, acolia.
Chegando ao serviço, tomografia computadorizada (TC) de abdômen e pelve apresenta lesão expansiva hipodensa de limites parcialmente definidos, na cabeça do pâncreas, medindo 3,8 x 3,3 cm, de presumível natureza neoplásica primária. A lesão engloba a artéria gastroduodenal e compromete a veia mesentérica superior. Vesícula biliar com paredes finas, contendo cálculos no seu interior. TC de tórax sem sinais de lesões torácicas de etiologia neoplásica primária ou secundária.
DISCUSSÃO
A ressecção e reconstrução vascular no momento da duodenopancreatectomia é controversa devido à complexidade adicional do procedimento operatório e à baixa qualidade de dados prognósticos publicados.
Embora seja uma área controversa, nossa posição é que a ressecção e reconstrução da veia porta (VP) ou veia mesentérica superior (VME) deve ser considerada uma abordagem padrão para os adenocarcinomas pancreáticos que envolvem focalmente VP ou VME, desde que exista fluxo adequado, o tumor não envolva a artéria mesentérica superior ou artéria hepática, e não exista estenose trombótica do vaso, uma ressecção R0/R1 pode ser realizada. No que respeita a técnica cirúrgica empregada na reconstrução vascular, na impossibilidade de reparo primário, a interposição de enxerto de veia autólogo ou cadavérico; além de prótese é imperativo.
Neste relato, a paciente teve boa evolução após ressecção e reconstrução portal com doador cadavérico, apresentou melhora clínica e alta hospitalar, permanecendo em acompanhamento ambulatorial. Por isso, a ressecção vascular mesentérico-portal é um instrumento técnico válido e bem sucedido que deve ser considerado após uma ampla avaliação das condições clínicas do paciente, condições técnicas e anatômicas do tumor e, ainda, expectativa de sobrevida do paciente oncológico.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Santa Casa de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Estevan Taube Borré, Joel Adrian Cascan Valiente, Andre Vicente Bigolin, Eduardo Taube Borré, Alice Bianchi Bittencourt, Mayara Christ Machry, Luis Paulo Andrioni, Bruna Beck Nunes