Dados do Trabalho
TÍTULO
HÉRNIA VENTRAL GIGANTE ENCARCERADA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A hérnia ventral é uma protusão do conteúdo intra-abdominal por rompimento da parede abdominal fragilizada. Na hérnia ventral gigante encarcerada, o conteúdo abdominal é fixo e acomodado no saco herniário. Por ser volumoso pode diminuir a pressão intra-abdominal com chance de comprometimento cardiorrespiratório. Os principais sintomas são dor e desconforto. O tratamento padrão é cirúrgico e o diagnóstico é feito pela visualização e toque da tumefação ao exame físico e exames complementares de imagem.
RELATO DE CASO
Paciente M.C.S.C. de 63 anos, sexo feminino, obesa, dislipidêmica, hipertensa em uso de losartana, anlodipino e espironolactona, diabética e portadora de hérnia umbilical há 37 anos. Deu entrada no Hospital Municipal Irmã Fanny Duran, de Goianésia (GO) com epigastralgia, náuseas, vômitos incoercíveis fétidos de cor amarela e cólicas há 3 dias. Ao exame físico: abdome doloroso à palpação de região mesogástrica e hérnia em região periumbilical e epigástrica sem sinais de encarceramento a princípio, associada à celulite local. À endoscopia digestiva alta obteve-se pangastrite enantematosa intensa; à USG de abdome total evidenciou-se alças intestinais do delgado com nível hidroaéreo associado a abdome agudo obstrutivo; e à TC de abdome inferior obteve-se volumosa hérnia na região infra umbilical com alças contendo nível hidroaéreo insinuando-se por óstio de 6,0cm X 5,0cm. Foi realizada laparotomia exploratória, pois a hérnia ventral encarcerada apresentava em seu conteúdo: omento maior, intestino delgado e cólon, com perfuração do intestino delgado a 190 cm do ângulo de Treitz e necrose de omento maior. Realizou-se omentectomia e enterectomia para retirada das necroses e reconstrução da alça intestinal e parede abdominal (enteroanastomose, ileostomia terminal e hernioplastia ventral). A paciente evoluiu estável hemodinamicamente, sem complicações, com suporte de O2 via cateter nasal, dieta líquida por sonda nasogástrica, diurese por sonda vesical de demora, reposição hidroeletrolítica, cinta abdominal e antibitioticoterapia oral. Até o momento encontra-se sem cicatrização total da incisão realizada devido ao processo infeccioso instalado pelo rompimento intestinal.
DISCUSSÃO
As hérnias umbilicais ocupam a terceira posição na faixa de incidência. Geralmente, desenvolvem-se na 4ª ou 5ª década de vida e mais de 90% ocorrem em mulheres, obesas e multíparas. A paciente apresentava vômitos fétidos e uma pangastrite enantematosa intensa, causada pela inflamação estomacal gerada por obstrução gastrointestinal. A hérnia encarcerada é de difícil redução, pois há a exteriorização e preservação das alças intestinais no saco herniário, porém, frequentemente, não existe parada do trânsito intestinal nem distúrbios circulatórios nas alças, diferentemente do caso, que houve necrose. Por permitir a exploração da cavidade abdominal, a laparotomia é apropriada em casos emergenciais, permitindo o diagnóstico e redução, além de ser possível ressecar segmentos caso haja isquemia.
Área
PAREDE ABDOMINAL
Instituições
Universidade de Rio Verde campus Goianésia - Goiás - Brasil
Autores
Charles Alberto da Cunha Melo Júnior, Fernanda Nunes Garcia, Igor Natan Serafim de Sousa, Igor Rafanele da Silva Cavalcanti, Paulo Eduardo Silva Sousa, Raissa Silva Frota, Sarah Chaves Barbosa, Mozart Pereira de Almeida Júnior