Dados do Trabalho
TÍTULO
ACALASIA IDIOPATICA NA ADOLESCENCIA E SEU DESFECHO: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A acalasia de esôfago idiopática é uma doença rara, atingindo 1:100.000 na população geral, sendo apenas 4 a 5% descritos em crianças. Causas autoimunes, infecciosas, degenerativas e genéticas podem ser responsáveis pela alteração neuronal. A doença de Chagas mais prevalente na região central do Brasil, constitui uma causa conhecida de distúrbio motor por desenervação.
RELATO DE CASO
L.S.D.F, de 17 anos, natural de Natal – RN, iniciou quadro de disfagia progressiva aos sólidos, necessitando de grande ingesta de líquidos por refeição, ultrapassando 1.000 mL. Relatava sensação de entalo, aumento de pressão durante a deglutição e dor retroesternal após as refeições. O quadro evoluiu com episódios recorrentes de regurgitação noturna, pirose e tosse culminando na necessidade de cabeceira elevada para dormir. Tal sintomatologia apresentava piora quando havia a ingestão noturna de bebidas fermentadas ou gaseificadas, dificultando o sono. Ao procurar auxílio médico, houve suspeita de acalasia e iniciou-se a investigação. Realizou uma radiografia contrastada de esôfago evidenciando a presença de megaesôfago grau III. Prosseguindo com a investigação diagnóstica, foi feita manometria esofágica que constatou as diferenças pressóricas esofágicas, reiterando o diagnóstico e indicando a conduta cirúrgica. Simultaneamente à investigação, solicitou-se sorologia para doenças de Chagas, muito prevalente na região e uma das etiologias da acalasia, obtendo-se resultado negativo. Com isso, abriu-se investigação para outras etiologias, não sendo encontrado nenhum fator causal. Sendo assim, o diagnóstico foi firmado em acalasia idiopática. O procedimento cirúrgico para correção, com cardiomiotomia à Heller foi bem sucedido e com pós-operatório sem intercorrências. Após 7 anos do procedimento cirúrgico, paciente permanece estável, com dieta livre e completa aceitação alimentar. Segue sem disfagia, sem regurgitação noturna, mesmo após a ingestão de bebidas fermentadas ou gaseificadas. Paciente ainda persiste ingerindo quantidade aumentada de líquidos durante as refeições, no entanto foram reduzidas drasticamente quando comparada à quantidade do quadro inicial.
DISCUSSÃO
A acalasia envolve uma falha no relaxamento do esfíncter inferior do esôfago aliada a uma dismotilidade do corpo esofagiano. Existe uma dificuldade de passagem do alimento pela transição esofagogástrica sem que haja uma verdadeira estenose orgânica ou compressão extrínseca. O espectro de sintomas é amplo, variando desde regurgitação até pneumonias aspirativas de repetição. Crianças maiores referem sintomas de disfagia progressiva. Por esses motivos, muitas vezes a doença é confundida com doença do refluxo gastroesofageano postergando seu diagnóstico. Dada a raridade da doença na faixa etária pediátrica e desfecho favorável do relato, torna-se importante a discussão.
Área
ESÔFAGO
Instituições
UNIVERSIDADE POTIGUAR - Rio Grande do Norte - Brasil
Autores
LUCAS SOLON DIAS FARIAS, RAYANI DIOGENES UMBELINO REIS, LAYANE BARRETO COSTA, NOELE GURGEL D'ÁVILA, DANIELY PESSOA MOREIRA, LUIZ FREDERICO BEZERRA HONORATO JUNIOR, NATASSIA VIANNA BOCCHESE, LEONARDO DE PAIVA AUTRAN NUNES