TÍTULO

UM IMPERADOR DEPOSTO, UM PRESIDENTE ASSASSINADO E UM MEDICO QUE SABIA BORDAR: O NASCIMENTO DA CIRURGIA VASCULAR.

OBJETIVO

O presente trabalho tem por objetivo entender as circunstâncias sociais e históricas que levaram ao nascimento da cirurgia vascular.

MÉTODO

Realizou-se pesquisa nas bases de dados Medline e PubMed utilizando-se os termos “history”, “vascular surgery”, “anastomoses”, “Alexis Carrel” em português e em inglês.

RESULTADOS

Quando o imperador D. Pedro II morreu exilado em Paris, o presidente francês Sadi Carnot, admirador do brasileiro, realizou um extraordinário funeral. Sadi Carnot encontrou, entretanto, uma morte trágica em 1894, durante visita à Lyon, onde foi vítima de um atentado (sofreu um ferimento por arma branca no abdome). Atendido por professores da Faculdade de Medicina de Lyon, foi realizada uma laparotomia, descobrindo-se laceração de fígado e veia porta. As tentativas de tamponar o sangramento não obtiveram sucesso, pois à época não se conheciam técnicas para suturar vasos sanguíneos (eles podiam apenas ser ligados). Intrigado com tal desfecho, Alexis Carrel, um jovem estudante de medicina, decidiu se dedicar ao problema das suturas vasculares. Quando Carrel ficou órfão, sua mãe precisou trabalhar como bordadeira para sustentar a família e a habilidade dela com finas agulhas e linhas sempre o impressionou. Buscando aprimorar sua própria técnica cirúrgica, ele se tornou aluno da melhor bordadeira de Lyon. Trabalhou no laboratório de anatomia do Professor Jean Leo Testut, onde fez inúmeros experimentos em cadáveres e animais, desenvolvendo então a técnica de anastomose vascular término-terminal (boca a boca) que é utilizada até hoje. Ele publicaria o resultado desses trabalhos em 1902. Com uma personalidade difícil, ele não encontrou acolhida no meio médico de Lyon. Mudando-se para os Estados Unidos, onde continuou o trabalho com suturas e anastomoses vasculares estendendo-o à sua consequência natural: o transplante de órgãos. O cirurgião realizou, com sucesso, o transplante de um rim no pescoço de um cachorro, sendo considerado o pai da cirurgia de transplante. Carrel foi o primeiro pesquisador trabalhando nos Estados Unidos laureado com o prêmio Nobel, “em reconhecimento por seu trabalho com sutura vascular e transplante de vasos sanguíneos e órgãos”. Retornou à França durante os dois conflitos mundiais, desenvolvendo durante o primeiro a técnica de irrigação de ferida e posteriormente se interessado pela área de envelhecimento celular.

CONCLUSÕES

A história nos mostra a sucessão de eventos que culminaram no trabalho pioneiro de Carrel, fornecendo os princípios que fomentaram o nascimento da especialidade conhecida como cirurgia vascular. Tal evolução permitiu o desenvolvimento das cirurgias de transplantes de órgãos, que já salvaram ou melhoraram a qualidade de milhões de vidas.