Dados do Trabalho


TÍTULO

A INTRINCADA HISTORIA DA INJEÇAO DE SUBSTANCIAS MODELADORAS E OS NARCISOS MODERNOS: UM CAMPO FERTIL PARA O CHARLATANISMO.

OBJETIVO

Fazer uma revisão da história da injeção de substâncias modeladoras para fins estéticos e uma análise crítica do uso espúrio de tais métodos ao longo do tempo.

MÉTODO

Realizou-se uma revisão da literatura por meio de pesquisa nas bases de dados Medline e PubMed, utilizando os termos “Narciso”, “Estética”, “Substâncias injetáveis” e “História da Medicina”. Buscou-se ainda na mídia leiga casos de pessoas que fizeram uso indiscriminado de tais técnicas.

RESULTADOS

Narciso, personagem da mitologia grega conhecido pela beleza incomum, despertava paixões violentas em deuses e mortais, aos quais era, no entanto, insensível. Certo dia, parou à beira de um lago e, perplexo com a própria imagem refletida, definhou até morrer, transformando-se em uma flor. A busca pela beleza é tão antiga quanto a própria humanidade. Independentemente do gênero, as pessoas tentaram (e ainda tentam) realçar sua aparência. Porém, muitas vezes, em detrimento da própria saúde, tornam-se “vítimas voluntárias” de profissionais inescrupulosos, termo criado pelo Dr. Oppenheimer em 1920, e “escravas” da própria imagem. A injeção de substâncias variadas para “modelar” o corpo humano é antiga. No fim do século XIX, a injeção de parafina foi utilizada para preenchimento e correção de deformidades do nariz. O “nariz em sela”, deformidade proveniente (entre outras causas) da sífilis-congênita era uma condição estigmatizante e foi um elemento que estimulou tentativas de correção. Já na década de 1960, a injeção de silicone líquido foi a moda, principalmente visando o aumento do volume das mamas. Apesar das boas intenções dos médicos, que realizam procedimentos em busca de melhores resultados a seus pacientes, tanto estéticos quanto de caráter emocional, as duas histórias tiveram repercussões nocivas à saúde dos pacientes. O passado, infelizmente, não serviu de lição pois, atualmente, ainda é tema de relevância e preocupação o uso indiscriminado de substâncias devido às sequelas irreversíveis e aos óbitos relacionados. Um exemplo recente de substâncias para modelagem é a injeção de polimetilmetacrilato (PMMA), que em grandes quantidades mostrou-se catastrófico. A aplicação pelos “médicos de beleza, da publicidade”, em busca de altos vultos das “vítimas voluntárias” entre os leigos, ainda se faz presente, vide caso que foi amplamente divulgado no Brasil em 2018. Aqueles que continuam a utilizar a injeção de substâncias modeladoras em grandes quantidades, sem evidência científica de suporte, entram em duas categorias: são ignorantes ou simplesmente “charlatões”.

CONCLUSÕES

A injeção de substâncias modeladoras do corpo com fins estéticos remonta à antiguidade. O desejo irrefreável pela fisionomia ideal ditada pelos padrões de beleza inalcançáveis muitas vezes se sobrepõe aos possíveis riscos à saúde. Tal qual Narciso, na escolha entre a vida e a própria imagem, muitos indivíduos optam pela última. Percebe-se que a busca por “perfeição” acaba sendo nociva à saúde, o que fere o preceito de “não maleficência” da Medicina.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

UniCEUB - Distrito Federal - Brasil

Autores

MARJORYE BEZERRA PORCIUNCULA, KAROLINE LAURENTINO LOPES PINTO, ANA CAROLINA SOUZA SISNANDO DE ARAUJO, FERNANDA DE LIMA OLIVEIRA, NATÁLIA CLARET TORRES PRAÇA, PAULA CAMPOS DE MENDONÇA, KLÉBER BABINSKI CABRAL, JORDANO PEREIRA ARAÚJO