Dados do Trabalho
TÍTULO
MUCOCELE DE APÊNDICE: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A neoplasia mucinosa de apêndice é responsável por 0,2- 0,7% dos casos de apendicite. O quadro clínico é assintomático em metade dos casos, mas pode cursar com apendicite aguda, dor abdominal não específica ou massa pélvica. O tratamento inicial é cirúrgico, podendo ser realizado apendicectomia ou hemicolectomia. Objetivo deste estudo é relatar um caso de apendicite aguda causada por neoplasia mucinosa de baixo grau (LAMN) e revisar na literatura seu tratamento.
RELATO DE CASO
CAS, 75 anos, feminina, hipertensa e diabética. Deu entrada no pronto socorro de cirurgia geral, com queixa de dor em fossa ilíaca direita há 15 dias, associada a náusea e hiporexia há 1 dia. Nega vômitos, diarreia e sintomas urinários. Ao exame físico, apresentava FC:88bpm, SatO2:98%. Abdome semigloboso, ausculta abdominal sem alterações, com dor difusa à palpação de hemiabdome direito. Hemograma com 15.200 leucócitos, com 4% de bastonetes.
Ultrassonografia de abdomem total realizada no dia do atendimento sem alterações. Tomografia computadorizada sugeriu apendicite. Foi então indicado laparotomia exploratória para possível apendicectomia.
Durante o Intraoperatório, foi observado apêndice cecal, bloqueado pelo grande omento. Apêndice apresentava-se aumentado, hiperemiado com paredes espessas e ceco hiperemiado com sinais de isquemia, sugerindo processo neoplásico. Ausência de extravazamento de conteúdo fecal ou mucinoso na cavidade peritoneal, sem presença de linfonodomegalias ou implantes peritoneais ou hepáticos. Optado por colectomia direita, com anastomose primária. Paciente evoluiu sem intercorrências, recebendo alta no 10º dia de pós-operatório.
Análise histopatológica da peça cirúrgica, apresentava apêndice cecal com 5,0 x 3,0 cm. Presença de neoplasia mucinosa apendicular de baixo grau, bem diferenciada, com extensão em todo órgão, com margem cirúrgica livre de tumor e linfonodos sem acometimento.
DISCUSSÃO
Os tumores produtores de mucina possuem origem epitelial, segundo a classificação da OMS de 2010, as neoplasias produtoras de mucina foram divididas em 3 grandes grupos: adenomas, LAMN e adenocarcinoma de apêndice.
Atualmente, pelo Consenso de Delphi de 2016 as neoplasias mucinosas são classificadas: LAMN, neoplasia mucinosa de alto grau, adenocarcinoma mucinoso com ou sem anel de sinete.
Acredita-se que a LAMN seja o processo neoplásico inicial, com estágio intermediário marcado pela atípia de alto grau, seguida pelo adenocarcinoma mucinoso, a presença de anel de sinete é indicativo de pior prognóstico.
O tratamento da LMNA é baseado na retira do sítio primário de lesão, por apendicectomia. A colectomia está indicada quando o tumor apresenta tamanho superior a 2cm ou envolvimento da região pericecal ou sinais de malignidade. Em nosso relato, o acometimento do ceco foi decisivo para a realização da colectomia direita.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
Hospital Regional da Asa Norte - Distrito Federal - Brasil
Autores
Rafael Francisco Alves Silva, Alexandre Rodrigues Alves , Leonardo dos Santos Ferreira , João Lucas Farias do Nascimento Rocha, Luiz Carlos de Araújo Souza, Adriano Pamplona Torres, Vitor Breves de Paiva