Dados do Trabalho


TÍTULO

FASCIITE NECROSANTE EM MULHER: DO DIAGNOSTICO A RECONSTRUÇAO

INTRODUÇÃO

A Gangrena de Fournier, ou fasciíte necrosante perineal, é uma infecção polimicrobiana que leva a obliteração dos vasos do subcutâneo gerando isquemia e necrose do mesmo e da pele.
Tem causa identificável em quase 100% dos casos com variadas origens como: cateterização peniana traumática, orquiepididimite, abscesso perianal, cisto pilonidal infectado e perfuração de reto por corpo estranho. Rara e com alta mortalidade, predomina em homens entre 20-60 anos. Dentre os fatores de riscos principais encontramos aqueles que levam a imunodepressão como diabetes mellitus, obesidade, desnutrição, neoplasias e uso de quimioterápicos. A clínica varia de alterações locais como dor e eritema a sinais se sepse. O tratamento baseia-se na antibioticoterapia de amplo espectro visando cobertura de germes gram positivo, negativo e anaeróbio associado a debridamento cirúrgico para retirada de tecidos desvitalizados com ou sem derivação urinária/fecal. Curativos locais são mantidos até surgimento de tecido de granulação e ausência de necrose, quando torna-se viável auto-enxertia cutânea ou uso de retalhos.

RELATO DE CASO

D.C.S., feminina, 37 anos, diabética, hipertensa e obesa mórbida relatando nódulo doloroso em região interglútea há 07 dias da admissão quando apresentava nádegas enduradas e hiperemiadas com flictenas de conteúdo necrótico. Realizado debridamento cirúrgico extenso com saída de grande quantidade de secreção purulenta. Iniciado meropeném, daptomicina e curativo diário com alginato atingindo bom status de granulação. No 42º dia apresentou maceração tecidual com troca de curativo para petrolato e início de suplementação com prolina apresentando melhora expressiva do ferimento. Realizado fechamento primário a direita e enxerto de pele parcial com curativo de Brown a esquerda pela Cirurgia Plástica no 56º dia. Segue em acompanhamento ambulatorial após pega parcial do enxerto.

DISCUSSÃO

No caso em questão, devido o nível da infecção na admissão não foi possível identificar sua origem, supondo, pela clínica referida, início em um cisto pilonidal infectado. Como descrito na literatura, a mesma apresentava como comorbidades a diabetes mellitus, obesidade, hipertensão descompensada e rápida evolução da infecção. Submetida a antibioticoterapia ampla tão logo da admissão, debridamento cirúrgico e curativos diários. A confecção de colostomia é indicada quando o paciente não consegue manter higienização adequada da ferida. Considerando tratar-se de paciente independente, bem como o risco de desabamento por tração excessiva do mesentério devido obesidade foi optado por conduta conservadora com boa resposta; da mesma forma, a escolha pelo enxerto parcial baseou-se na maior disponibilidade de área doadora e impossibilidade de mobilização da paciente no intraoperatório. Curativo a vácuo e terapia hiperbárica não realizados devido indisponibilidade no serviço. Apesar do avanço tecnológico, a fasciíte necrosante segue com alta morbimortalidade, sendo importante diagnóstico e terapêutica precoce.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Hospital Regional de Taguatinga - Distrito Federal - Brasil

Autores

Karla de Sousa Correia, Carlos Umberto Ferreira Junior, Izabelle Montanha Barbosa, Mariana Magalhães Rodrigues dos Santos, Derval Pereira Pinto Junior, Camila Temporim de Alencar, Camila Temporim de Alencar, Lucas Wilson Cavalcanti da Silva