Dados do Trabalho


TÍTULO

TRANSPLANTE HEPATICO EM PACIENTE CIRROTICO COM AGENESIA DE LOBO HEPATICO ESQUERDO E CARCINOMA HEPATOCELULAR

INTRODUÇÃO

Casos de anomalia congênita hepática foram pouco registrados na literatura mundial. Dentre eles estão agenesia de lobos hepáticos, ausência ou deformidade de segmentos e anomalias relacionadas à vesícula biliar (agenesia ou transposição). Motivo relevante para o número reduzido deste achado é a ausência de sintomas na maioria das vezes, sendo o achado de exame em método radiológico o meio diagnóstico mais comum.
A escassez de estudos sobre anomalias congênitas hepáticas e a particularidade do caso presente considerando a associação de cirrose hepática por VHB, CHC e a agenesia de lobo hepático esquerdo e ainda por se tratar de caso de TH por situação especial, motivaram o registro do estudo em questão.

RELATO DE CASO

Paciente de 65 anos, sexo masculino, procedente de Rondônia, portador de cirrose hepática por vírus de hepatite B passa em acompanhamento com o grupo de transplantes, em janeiro de 2018, para avaliação. Paciente estava assintomático, solicitaram-se exames laboratoriais e radiológicos de rotina.
Em março, paciente retorna com tomografia de abdome evidenciando três lesões nodulares hipocaptantes, a maior delas no segmento VIII em posição subcapsular medindo cerca de 3,6 x 3,0 cm nos maiores eixos e outros dois nódulos similares no segmento VI com medidas de 1,9 x 1,4 cm. Além de possível achado neoplásico, constatou-se ausência de lobo hepático esquerdo ao exame de imagem, sendo considerada agenesia de lobo hepático (paciente não tinha histórico de hepatectomia prévia).
Em retorno no mês de junho o paciente havia completado estadiamento e foi solicitada situação especial para transplante hepático por hepatocarcinoma dentro dos critérios de milão.
Cinco meses após solicitação de situação especial e a correção do MELD, o paciente foi submetido à transplante hepático com hepatectomia do receptor à piggyback e implante convencional.
O procedimento não teve intercorrências com alta do paciente no sétimo pós-operatório em boas condições e sem dreno. O paciente permanece em acompanhamento ambulatorial, até então sem intercorrências e com imunossupressão ajustada.

DISCUSSÃO

Ocorrências de agenesia de lobo hepático esquerdo foram pouco descritas na literatura, sendo a primeira delas achado de Arnold e Ashley-Montagu em 1932. O número de diagnósticos reduzido pode ser justificável por seu caráter assintomático e a função hepática preservada. Seu achado geralmente ocorre em exames radiológicos de rastreamento (USG, TC ou RM) e em necropsias (descartando-se a possibilidade de diagnóstico clínico).
Para certificar-se sobre a presença de agenesia de lobo hepático é necessário descartar outras possíveis causas, como neoplasias, ressecções prévias e trauma e também diferenciá-la de atrofia lobar. Neste caso, pode haver sinais fisiopatológicos e radiológicos (edema, fibrose e shunt arterioportal dilatação de via biliar ou obstrução de veia porta em segundo). Possíveis causas de atrofia de lobo hepático são tumores, litíase e distúrbios do fluxo portal.

Área

TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS

Instituições

Hospital Leforte - São Paulo - Brasil

Autores

Francisco Sergi, Tiago Genzini, Marcelo Perosa, Tércio Genzini, Flávio Sanches, Pamella Correa de Oliveira, Fernanda Danziere, Leonardo Mota