TÍTULO

PNEUMECTOMIA EM PACIENTE JOVEM APOS DIAGNOSTICO DE MESOTELIOMA PLEURAL

INTRODUÇÃO

O mesotelioma pleural é o tipo mais comum de mesotelioma e normalmente envolve um prognóstico restrito, tendo em vista a agressividade da patologia e o diagnóstico tardio. O presente trabalho, relata o caso de uma paciente na segunda década de vida, sem exposição ao asbesto, com diagnóstico anatomopatológico e imuno-histoquímico compatível com mesotelioma epitelióide pleural, apresentando desfecho positivo após pneumectomia.

RELATO DE CASO

Paciente L.R.S, sexo feminino, 24 anos, trabalhadora do lar, previamente hígida, admitida em hospital de urgência com dor torácica súbita, pleurítica, associada a taquidispneia aos moderados esforços com redução do murmúrio vesicular em base pulmonar direita, afebril, sem tosse, edema em membros inferiores ou hemoptise. Confirmado derrame pleural á direita em radiografia de tórax, sendo submetida a drenagem em selo d’água e iniciada antibioticoterapia empírica sem resposta clínica. O líquido drenado apresentava aspecto leitoso e dosagem de triglicerídeos na amostra de 953.6 mg/dl. Encaminhada ao serviço do Hospital Universitário Onofre Lopes para realização de tomografia de tórax que evidenciou imagem hiperdensa em lobo superior de pulmão direito com medidas 4,8 x 3.2 x 3.9 cm justapleural, sem alterações mediastinais; TC abdominal e USG de mamas e tireóide, sem alterações. Realizado videotoracoscopia e pleuroscopia com biópsia da lesão nodular em pleura e tumoração localizada no lobo superior direito em região posterior. Anatomopatológico revelou lesão de células poligonais com citoplasma amplo e eosinofílico, cromatina vesicular e núcleo com nucléolo proeminente e eosinofílico, estudo de imuno-histoquímica com anticorpos de Calretinina positivo e Citoqueratinas 1-8, 10, 14-16 e 19 positivas, demais marcadores testados negativos, sendo o diagnóstico compatível com Mesotelioma de variante epitelióide. Optado pela ressecção de todo parênquima pulmonar direito em bloco, além de exérese de linfonodos mediastinais. Paciente evolui clinicamente e hemodinamicamente estável nos dias atuais, sem queixas.

DISCUSSÃO

O caso remete uma situação atípica frente aos mesoteliomas pleurais, visto que a epidemiologia comumente está relacionada a homens com exposição ao asbesto e um tempo de latência de pelo menos 30 anos, entre a manifestação dos sintomas e a exposição a substância. O arsenal terapêutico é restrito, e o diagnóstico tardio dificulta o tratamento dos pacientes. Quando a ressecção completa macroscópica é escolhida, o intuito deve ser a remoção de todo tumor visível ou palpável, sem levar em consideração a pneumectomia extrapleural ou abordagem com preservação pulmonar. Esse procedimento agressivo deve ser limitado a cirurgiões e centros com experiência adequada nesses procedimentos, e no gerenciamento pós operatório, como observado em nosso serviço.