TÍTULO

USO DE CONTRASTE EM FERIDA DE TRAUMA TORACO-ABDOMINAL PENETRANTE PARA ELUCIDAR POSSIVEL ACESSO DA CAVIDADE ABDOMINAL

INTRODUÇÃO

O trauma da transição toracoabdominal (TTA) é um desafio diagnóstico e terapêutico para o cirurgião devido a possibilidade de lesão de múltiplos órgãos. Primeiramente, o protocolo de avaliação do ATLS deve ser seguido na avaliação primária visando a correta condução do caso.

RELATO DE CASO

Diego, 30 anos, autônomo, natural de Santos-SP.

Vítima trazida pelo SAMU com história de queda de 2m de altura enquanto estava limpando as janelas de seu imóvel e, ao se desequilibrar, caiu sobre um portão de ferro com pontas esculpidas em forma de lança. Sofreu 3 ferimentos em seu hemicorpo direito: (1) região torácica anterior 3º EIC na linha hemiclavicular, (2) região lateral do tórax 7º EIC linha axilar posterior e (3) 12° EIC região lombar posterior. Após o ocorrido levantou-se e efetuou o chamado para a equipe de socorristas sendo então levado para o serviço de emergência da Santa Casa de Santos.

Ao chegar, foi avaliado pela equipe da cirurgia geral. Estava com as vias aéreas pérvias, sem colar cervical ou prancha rígida, expansibilidade torácica assimétrica, ausculta pulmonar diminuída a direita com hipertimpanismo, saturação 90% em máscara de venturi, ausculta cardíaca sem alterações, Glasgow 15 e sem déficits neurológicos, apresentando ferimentos perfurantes em região torácica (1) com escape de ar, TTA (2) com escape de ar e lombar direito (3). Realizado no momento da avaliação primária a drenagem de tórax em selo d’água no 5° EIC linha axilar anterior, com saída de ar e sangue. Com o paciente estável clinicamente foi solicitado o estudo radiológico com uma tomografia.

Durante o exame foi realizado a cateterização dos ferimentos com uma sonda de aspiração traqueal e injetado contraste iodado pelas lesões visando averiguar penetração do contraste em cavidade abdominal. Visualizado discreto extravasamento de contraste no tórax pelo ferimento da TTA(2) sem evidências de extravasamento de contraste em cavidade abdominal. Realizada limpeza dos ferimentos e sutura simples, mantida drenagem de tórax e observação clínica em enfermaria. Evoluiu com melhora do quadro, com redução progressiva do débito do dreno. Expansibilidade restabelecida ao exame clínico e radiológico. Retirado dreno no quarto dia e alta com 6 dias de internação.

DISCUSSÃO

O tratamento das lesões penetrantes em região de TTA depende basicamente do estado hemodinâmico do paciente e do mecanismo do trauma. Paciente não apresentando possibilidade de ser submetido a exploração manual dos ferimentos devido ao tamanho dos mesmos, foi submetido a injeção de contraste por sonda pelos ferimentos para que se pudesse observar na tomografia o surgimento de contraste na cavidade abdominal.
Não encontrado descrição deste método na literatura, porém configura-se uma alternativa viável para constatação de lesões pequenas que possam comprometer a cavidade peritoneal.