Dados do Trabalho


TÍTULO

MEDIASTINITE DESCENDENTE NECROSANTE POR ABSCESSO ODONTOGENICO

INTRODUÇÃO

Mediastinite Descendente Necrosante (MDN) de origem dentária é raro e fatal se diagnóstico tardio.O processo infeccioso iniciado na orofaringe pode ultrapassar barreiras anatômicas e disseminar para regiões vizinhas resultando em sepse.A tomografia computadorizada (TC) de cervical e tórax junto ao quadro clínico é um bom exame diagnóstico.

RELATO DE CASO

HQS,masculino,37 anos,deu entrada no IHBDF com odontalgia há 5 dias com tumefação (3+/4+) em região da face esquerda e submandibular direita(angina de Ludwig),eritema em cervical e tórax.Foi administrado ceftriaxona,clindamicina.Na TC de face e tórax,observou-se coleção e gás em espaço bucal,submandibular direita,esquerda e espaço pterigoide,descendente para região cervical e mediastino.No 1° dia de internação,paciente foi submetido à cervicotomia exploradora com drenagem do abscesso cervical com moderada quantidade de secreção purulenta em região submandibular, sublingual,invadindo espaço carotídeo,com necrose de fáscias cervicais.Mediastino foi explorado digitalmente e não se verificou secreção.No 2° dia,realizou-se drenagem dos espaços bucal,infratemporal,massetérico,laterofaríngeo,submandibular,sublingual e submentual de hemiface esquerda em que se verificou abundante quantidade de gás e material purulento que foi encaminhado para cultura.Optou-se pela não exodontia do dente 37(foco infecioso).No 3° houve piora do quadro com evolução para MDN.Foi realizado,então,toracotomia anterolateral direita com presença de grande quantidade de secreção purulenta em mediastino superior anterior e médio.Foi deixado dreno torácico em região mediastinal e pulmonar posterior e associado vancomicina.Já na UTI,paciente grave,com febre persistente e desvio à esquerda.Houve períodos de remissão da febre e da leucocitose,mas paciente permaneceu grave.As culturas deram negativas.No 17° houve retirada do dreno de tórax à esquerda.Após novas TC,viu-se múltiplos abscessos cervicais,sublingual,retrofaríngeo e torácico,sendo necessário reabordagem cirúrgica no 19° dia.Houve ainda piora do quadro clínico e laboratorial.No 25° dia,ele encontrava-se com sepse grave sendo modificado o esquema de antibióticos.Nova TC com contraste C/C indicou coleções hipodensas periamigdaliano e nos espaços submandibular direito,mucosofaringeo e carotídeo esquerdo,compatíveis com abcessos.A TC de tórax C/C indicou coleção subpleural à pleura mediastinal,adjacente ao lobo superior direito sugerindo empiema.Notou-se derrame pleural à direita,derrame pericárdico e mediastinite. No 27° realizou-se exodontia dos dentes 37,38, 48.No 43° retirou-se o dreno de tórax e cervical e não houve recidiva dos sinais (leucocitose,febre) resultando em antibioticoterapia suspensa e alta médica.

DISCUSSÃO

O caso corrobora que as infecções dentárias podem complicar e evoluir para sepse e mediastinite cuja mortalidade é de até 40% mesmo na era dos antibióticos.Vê-se,então,a necessidade do diagnóstico precoce,intervenção cirúrgica e antibioticoterapia ampla para boa resolução do quadro.

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Natália Francis Gonçalves Farinha, Luísa Freire Barcelos, Letícia Figueiredo Bezerra, Uanda Beatriz Pereira Salgado, Mariany De Oliveira Gomes, Mariana Santos Pinto, Victor Barroso Camilo Cunha Ataíde, Eduardo Lenza Silva