Dados do Trabalho


TÍTULO

DIVERGENCIA DIAGNOSTICA ENTRE ACHADOS DE IMAGEM (CPRM) E HISTOLOGICOS (COLANGIOSCOPIA) PARA MALIGNIDADE EM PACIENTE PORTADOR DE CEP

INTRODUÇÃO

A colangite esclerosante primária (CEP) é uma doença inflamatória colestática crônica que leva à fibrose concêntrica das vias biliares intra e extra-hepáticas. Comumente associada à doença inflamatória intestinal, particularmente a retocolite ulcerativa (RCU). O curso da CEP é marcado por carcinogênese, sobretudo o colangiocarcinoma (CCA), cujo risco de ocorrência é de 10% a 15% nessa população. A natureza progressiva da doença e o risco de malignidade fazem do transplante hepático a melhor opção terapêutica. O diagnóstico da CEP ocorre por colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) ou por colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE). Havendo atualmente ferramentas de precisão diagnóstica mais sensíveis em suspeita de estenose biliar maligna, como a colangioscopia endoscópica.

RELATO DE CASO

Paciente A.D.V, 28 anos, masculino, portador de CEP e RCU. Submetido a Colecistectomia e derivação biliodigestiva em 2008 por icterícia obstrutiva. Histórico de colangites de repetição e múltiplas internações. EM 2016 realizou CPRM com achado de múltiplas estenoses intra-hepáticas. Foi orientado a procurar médico para programação de transplante. Em 2017 fez nova CPRM sugestiva de CCA Bismuth IV. Realizou CPRE que identificou estenose biliar no hepatocolédoco até hepático médio, tratada com dilatação com balão e passagem de prótese biliar. Solicitada colangioscopia para diferencial sugestiva de estenose biliar crônica inflamatória que foi confirmada por patologia. Assim foi inscrito em fila de transplante hepático e em janeiro de 2019 recebeu fígado de doador falecido. No transplante foi submetido à anastomose bileodigestiva pela doença de base. Anatomopatológico do explante mostrou cirrose hepática de padrão biliar associada à CEP, sem evidência de lesões malignas.

DISCUSSÃO

Recomenda-se o uso de CPRM como principal método diagnóstico da CEP pois a CPRE possui maior risco de complicações. Contudo, a CPRE é o método diagnóstico de primeira linha para suspeita de estenose biliar maligna, usando citologia de escova e biópsia de pinça transpapilar para amostragem tecidual. O uso do colangioscópio digital promove precisão diagnóstica de superior com possibilidade de biópsia sob visualização direta. Pela colangioscopia realizada no paciente, descartou-se o diagnóstico de CCA da CPRM. O CCA é uma contraindicação ao Tx hepático, sendo este o único tratamento potencialmente curativo para CEP com taxas de sobrevida de 1 e 5 anos superiores a 90% e 80%, respectivamente. No caso relatado o diagnóstico inicial pela CPRM inviabilizaria o transplante hepático.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital Leforte - São Paulo - Brasil

Autores

Francisco Sergi, Marcelo Perosa, Tércio Genzini, Fernanda Danziere, Brenda Oliveira Coelho, Rafaela Rocha de Carvalho, Fernanda Santos de Aguiar, Pâmela Correa de Oliveira