Dados do Trabalho


TÍTULO

TUMOR ESTROMAL GASTRINTESTINAL DE RETO DISTAL: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Tumores estromais do trato gastrointestinal (GISTs) são neoplasias raras, representando apenas 1% de todas as neoplasias do sistema digestivo. Os sítios mais comuns são o estômago, intestino delgado e cólon. Apenas 3% dos casos acomete o reto. É mais comum em maiores de 60 anos e sua apresentação clínica depende da região acometida, podendo ser assintomático, com sangramento oculto, dor abdominal ou obstrução intestinal. Diante disso, objetiva-se relatar um caso avançado de GIST de reto distal.

RELATO DE CASO

RSA, feminino, 43 anos, buscou atendimento médico com queixa de alteração de hábito intestinal há 5 meses, associado à hematoquezia e perda ponderal. Ao exame físico, apresentou massa palpável em hipogástrio, móvel e indolor, e, ao toque retal, lesão vegetante em reto distal. Apresentou anatomopatológico (AP) benigno de colonoscopia realizada 2 meses antes da consulta. Foram solicitados exames para investigação, sendo submetida a biópsia da lesão, cujo AP evidenciou neoplasia de células fusiformes. Foi solicitado IHQ, que evidenciou GIST, com índice de proliferação celular (ki-67) de 10% e positividade para c-KIT, CD34, Caldesmon e DOG. A RNM de pelve revelou formação expansiva sólida e encapsulada, com origem na parede anterior do reto inferior e extensão para espaço retovaginal, medindo 8,0x7,0x6,5cm. Estadiada como T4NxMx, foi submetida à neoadjuvância com Imatinib, e, após resposta terapêutica, submetida a retossigmoidectomia abdominal, excisão total de mesorreto e ileostomia. Após 4 meses foi realizado fechamento da ileostomia e, atualmente, está em tratamento adjuvante com Imatinib.

DISCUSSÃO

Trata-se de um caso raro de tumor de reto em paciente de faixa etária atípica. Devido a baixa incidência, os perfis clinicopatológicos de GIST retal ainda não foram caracterizados com precisão. No entanto, o diagnóstico depende da análise molecular e da IHQ, nos quais haverá positividade para protooncogene KIT e CD34 na maioria dos casos. O prognóstico pode ser definido de acordo com o tamanho do tumor (> 5cm), ki-67 (> 5) e presença de metástase, imprescindíveis para definição terapêutica. No caso relatado, observa-se que a descoberta do protooncogene KIT foi fundamental para a definição da terapia, permitindo o uso de inibidores de tirosina quinase, o Imatinib. Esse fármaco está reservado para pacientes com GIST avançado, no tratamento pós-operatório de tumor adjuvante de alto risco ou em casos de ressecção cirúrgica incompleta. Autores sugerem que ainda é necessária maior evidência da eficácia no cenário neoadjuvante. Apesar disso, acredita-se que o Imatinib pode aumentar a ressecabilidade do GIST maligno inoperável e pode permitir momento cirúrgico ideal, especialmente quando objetiva-se preservar o esfíncter anal, observado no caso relatado. Desse modo, conclui-se que o diagnóstico preciso, seguido de definição terapêutica adequada, é fundamental para um bom prognóstico e maior chance de cura, com melhor qualidade de vida.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

LNRCC - Rio Grande do Norte - Brasil

Autores

Luciana Ayres de Oliveira Lima, Isa Maryana Araújo Bezerra de macedo, Romualdo da Silva Corres