Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME DA TRANSFUSAO FETO-FETAL - EXPERIENCIA DO HOSPITAL DE CLINICAS DA UFPR COM O TRATAMENTO INTRAUTERINO

OBJETIVO

Gestações gemelares monocoriônicas (MC) carregam maior susceptibilidade de morbi-mortalidade fetal quando comparadas às gestações únicas ou dicoriônicas. As anastomoses vasculares placentárias que ocorrem neste tipo de gestação são a principal causa de anormalidades potencialmente fatais, conhecidas como “discordâncias em gemelares monocoriônicos”, como restrição do crescimento intrauterino (RCUI), sequência de perfusão arterial reversa do gemelar (TRAPS) e síndrome de Transfusão Feto-Fetal (STFF). Esta última, definida ultrassonograficamente pela combinação de polidrâmnio em uma bolsa e amniótica e oligohidramnio na outra, é a mais prevalente (5 a 35% das MC) e a mais letal (80 a 100% de mortalidade) se não tratada. A ablação a laser por via fetoscópica por técnica de Solomon é o tratamento de escolha e apresenta os melhores resultados, como menores sequelas neurológicas, maior taxa de sobrevivência, e menores taxas de recorrência ou reversão. Esta técnica consiste em impedir fluxo sanguíneo entre os fetos por meio da coagulação seletiva dos vasos anormais e foi empregada no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) em 2016. Esse trabalho se propõe a analisar a casuística dos pacientes submetidos ao tratamento de ablação a laser no serviço de Cirurgia Fetal do HC-UFPR, comparando-a com os dados disponíveis na literatura atual.

MÉTODO

A casuística foi constituída inicialmente pelos fetos submetidos à ablação a laser por via festoscópica no Serviço de Cirurgia Fetal do HC-UFPR entre julho de 2016 até março de 2018, sendo posteriormente excluídos da análise estatística aqueles com diagnóstico diferente de STFF. Foram incluídos na análise dados o estadiamento de Quintero ao diagnóstico, os pesos dos fetos anteriores e posteriores ao procedimento, a idade gestacional nos momentos do diagnóstico e do procedimento, a sobrevida imediata além da posição placentária. Os dados foram então comparados com os mais recentes disponíveis na literatura.

RESULTADOS

Quatorze gestações foram tratadas até então no serviço referido, sendo 3 excluídas por apresentarem RCUI (1 paciente) e TRAPS (2 pacientes). Nos 11 casos de STFF, um foi excluído por falta de dados. Os restantes obtiveram diagnóstico em idade gestacional inferior ao limite preconizado da 26a semana (média 20,7 semanas) e foram tratados, em média, 7 dias após diagnóstico. A mediana de peso do feto doador foi de 232 g e do receptor, 341 g. A distribuição pelo estadiamento de Quintero foi: 3 casos com estadio II, 5 casos no III e 2 casos no IV. Das 10 gestações, em 50% delas, pelo menos um dos fetos sobreviveu ao período neonatal.

CONCLUSÕES

O tratamento da STFF em nosso serviço impactou positivamente a sobrevida dos fetos acometidos, que se não tratados seria de no máximo 20% e com sequelas. Entretanto, esta sobrevida ainda está aquém da reportada na literatura. Um dos principais fatores responsáveis por isso é o retardo entre o diagnóstico e o tratamento, que deveria ser no máximo de 48 horas.

Área

CIRURGIA PEDIÁTRICA

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - Paraná - Brasil

Autores

Thamyle Moda Santana Rezende, André Ivan Bradley Santos Dias, Camila Girardi Fachin, Rafael Frederico Bruns, Viktoria Weihermann