Dados do Trabalho


TÍTULO

NEOPLASIA DE APENDICE COMO CAUSA DE APENDICITE AGUDA EM PACIENTE DE 17 ANOS: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Dentre os casos de abdome agudo, a emergência cirúrgica mais comum é a apendicite aguda, tendo como principais etiologias a hiperplasia linfoide e o fecalito, enquanto neoplasia é uma causa bastante incomum, sendo responsável por 1,68% dos casos de apendicectomia. Neoplasias de apêndice são raras dentre os tumores do trato gastrointestinal, e cerca de 90% dos casos são benignos. As classificações mais comuns dos tumores de apêndice são: tumores neuroendócrinos (TNEs) – 0.3 a 0.9% dos espécimes de apendicectomia – e neoplasias epiteliais primárias – 0.2 a 0.3%. O objetivo do trabalho é relatar um caso de apendicite devido um TNE de apêndice em paciente de 17 anos.

RELATO DE CASO

IAM, feminino, 17 anos, é admitida em hospital regional com queixas de dor em fossa ilíaca direita (FID) há 12 horas, com melhora ao uso de anti-inflamatório, associada a hiporexia e nega febre. Ao exame, paciente febril, abdome flácido, dor discreta à palpação difusa com piora de intensidade na FID, sem sinais de irritação peritoneal. Após 1 dia de internação hospitalar, paciente evolui com sinais de irritação peritoneal localizada em FID com os sinais de Blumberg, do Psoas e de Rovsing presentes, além de leucocitose ascendente associada. Uma vez descartadas as hipóteses diagnósticas de patologias ginecológicas, foi feito o diagnóstico de apendicite aguda e, posteriormente, realizada a apendicectomia. Após a avaliação anatomopatológica, foi constatado tumor neuroendócrino de 0,6 cm em ponta de apêndice, T3NXMX, sem acometimento do peritônio visceral e com margens livres. A paciente foi encaminhada para oncologia clínica para acompanhamento, aguardando resultado de exames complementares para avaliar a indicação de tratamentos adjuvantes.

DISCUSSÃO

A manifestação clínica mais comum dos tumores de apêndice é a apendicite aguda, sendo mais frequente nos TNEs, e principalmente nos pacientes que são crianças ou adolescentes. O pico de incidência dos TNEs é em adultos jovens, acima de 40 anos, e mais comum em mulheres. Aproximadamente 75% dos casos de TNE ocorrem no terço distal do apêndice, sendo originados das células enterocromafins subepiteliais. Tumores menores que 2 cm ocorrem em 95% dos casos de TNEs, e é incomum a ocorrência de metástases, as quais podem acometer linfonodos regionais ou o fígado. Uma vez que a maioria dos TNEs são descobertos incidentalmente através da apendicectomia, apenas é indicado tomografia computadorizada de abdome e pelve no pós-operatório caso o tumor seja maior que 2 cm, com margens positivas, ou associado a doença metastática ou síndrome carcinoide. Em estudos, foi constatado que a excisão total do apêndice com tumor é suficiente para tratamento satisfatório e completo do paciente. Apesar da idade média de início das neoplasias benignas de apêndice ser na 4ª década de vida e das malignas, na 3ª década de vida, é fundamental não descartar neoplasia como possível etiologia de um caso de apendicite aguda em questão, independentemente da idade do paciente.

Área

INTESTINO DELGADO

Instituições

UNICEPLAC - Distrito Federal - Brasil

Autores

Matheus Pedrosa Tavares, Rafaela da Silva Schottz, Pedro Paulo de Matos, Pablo Vinicius Silvino Vasconcelos, Weber Alves da Costa Azevedo, Luan Marra Gomes, Hugo Mirindiba Bomfim Palmeira, Sanny França Pedrosa Tavares