Dados do Trabalho


TÍTULO

TRATAMENTO CIRURGICO DE TRAUMA HEPATICO GRAU IV: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O fígado é um dos órgãos intra-abdominais mais acometidos no trauma pelo seu tamanho e sua localização anatômica. O paciente com trauma hepático corresponde a aproximadamente 5% das admissões das salas de urgência.[1]
O manejo inicial do paciente traumatizado deve seguir os princípios do Advanced Trauma Life Support (ATLS). Estudos comprovam que a maior frequência de trauma hepático ocorre em homens jovens.[2]
As lesões hepáticas são classificadas segundo sua localização e profundidade. Lesões de grau I, II, III são consideradas simples e corresponde a 80% do total. Já as lesões complexas (grau IV,V,VI) são mais raras e relacionadas a maior mortalidade.[3]

RELATO DE CASO

M.A.L, masculino, 21 anos, foi admitido no Hospital Regional de Presidente Prudente vítima de atropelamento, encontrado desacordado, intubado no local, realizado exame físico detalhado do trauma. Paciente estável, segue com realização de tomografia computadorizada de abdome, tórax, crânio e cervical, identificando contusão pulmonar e trauma hepático grau IV (figura 1). Exames laboratoriais evidenciando hemoglobina de 9,4 mg/dL. Evoluiu instável hemodinamicamente, indicado cirurgia. No intra-operatório foi identificado 3 litros de sangue na cavidade, laceração extensa do seguimento VI e VII do fígado, com sangramento ativo, sendo realizado hepatorrafia. Paciente evolui bem, recebe dieta no segundo pôs operatório e evadiu no 12° pós-operatório. O mesmo retornou ao serviço por livre demanda no 30° pós operatório, realizado hemograma que mostrou Hemoglobina 13,9 mg/dL e Ultrassonografia normal (Imagem 2).

DISCUSSÃO

Nas últimas décadas, ocorreu mudança na conduta do trauma hepático, principalmente nos trauma contusos, devido ao auxílio de exames de imagem que são capazes de identificar lesões mínimas e o surgimento do tratamento não-operatório.[5]
Atualmente, o tratamento conservador é utilizado em mais de 80% dos traumas hepáticos contusos, sendo considerado método seguro e eficaz além de apresentar vantagens em relação ao operatório, como a menor necessidade de transfusão sanguínea, menos ocorrência de sepse intra-abdominal e menor mortalidades.[4]
Traumatismos hepáticos acima de grau II devem ser monitorizados em unidade de terapia intensiva, como aconteceu no caso detalhado acima.[3]
Em um estudo com 3476 pacientes, 137 foram traumas hepáticos com indicação de laparotomia exploradora. Apenas 5% apresentavam lesão grau IV. Nas últimas décadas tem diminuído drasticamente a taxa de mortalidade dos traumas hepáticos, hoje varia de 4 a 15%, mas a morbidade e mortalidade ainda são mais elevadas quando comparadas ao tratamento conservador. [6]
As opções para lesões graves incluem: 1) Manobra de Pringle, Hepatotomia e sutura direta; 2) Segmentectomia ou hepatectomia; 3) Desvio atriocava ou femoroaxilar; 4) Exclusão vascular do fígado; 5) Transplante hepático. Todas essas modalidades apresentam taxa de mortalidade superior a 90%, divergindo do quadro clínico apresentado.[5]

Área

TRAUMA

Instituições

HOSPITAL REGIONAL PRESIDENTE PRUDENTE - São Paulo - Brasil

Autores

HELEN BRAMBILA JORGE, IGOR ANTONIO SPILKA, FELIPE ANTONIO GOES SCORSIONI, MARCEL DEPIERI ANDRADE, ADRIELLE ANDRADE PUGAS, PAULO GARDENAL TELES, NATHALIA PREZOUTTO VENANCIO