Dados do Trabalho


TÍTULO

DEGASTRECTOMIA EM COTO GASTRICO REMANESCENTE DE GASTRECTOMIA SUBTOTAL, COMO TERAPEUTICA CURATIVA DE RECIDIVA TUMORAL

INTRODUÇÃO

Com estimativa de mais de 21.000 novos casos no Brasil (2018-INCA), o câncer gástrico apresenta-se como 4° índice de mortalidade oncológica no país. Dentro das terapêuticas atualmente disponíveis, o tratamento cirúrgico é o único que isoladamente possui caráter curativo. Relata-se um caso que o paciente foi submetido à gastrectomia parcial (antrectomia) para um câncer gástrico precoce havendo necessidade de uma degastrectomia por novo tumor no coto gástrico remanescente quase um ano após a primeira cirurgia.

RELATO DE CASO

Homem 85 anos, refere início de quadro de dispepsia em 10/2015. Hipertenso, antecedentes de IAM com colocação de stent. Durante investigação médica realizada endoscopia digestiva alta (EDA) em 11/2015, com lesão em antro gástrico de cerca de 1,5 cm, acima de incisura angular em pequena curvatura, classificação IIc (Classificação Japonesa de câncer precoce). Histopatológico descrevendo adenocarcinoma com componentes bem e pouco diferenciados, tipo intestinal de Lauren, restrita a muscular própria da mucosa. Exames de tomografia de abdome, tórax, pelve e tomografia por emissão de pósitrons (PET) sem alterações que sugerissem doença à distância.
Na cirurgia geral em 08/01/2016, optou-se ressecção por EDA como tratamento de neoplasia gástrica precoce. Na EDA para ressecção da lesão, realizou-se avaliação da mucosa antes do procedimento, observou-se 3 lesões erosivas. Utilizando azul de metileno como corante notou-se que todas as lesões descritas foram sugestivas de neoplasia, optando-se por tratamento cirúrgico. Em 12/01/16 submetido a gastrectomia subtotal com reconstrução em Billroth II, sem intercorrências. Histopatológico confirmou diagnóstico endoscópico, com margens livres e sem acometimento linfonodal (TisN0M0), não indicada quimioterapia pela equipe de oncologia. Em seguimento ambulatorial realizada EDA em 23/03/16 que fora normal. Em seguimento, repetiu EDA em 05/10/16, apresentando enantema difuso leve em corpo. Histopatológico de biópsias gástricas resultou em adenocarcinoma pouco coesivo em mucosa gástrica tipo intestinal difuso de Lauren. Submetido à EDA (com azul de metileno) e PET-CT que não evidenciaram a lesão gástrica. Nova em EDA 19/11/16 e revisão das lâminas da EDA anterior, em outro serviço, confirmaram a lesão maligna no coto gástrico. Submetido à degastrectomia em 29/11/16 com realização de gastrectomia total e anastomose esôfago-jejunal término-lateral e Y-de-Roux. Histopatologia da peça não encontrou o tumor. Recebeu alta dia 10/12/16 com alimentação oral. Com seguimento ambulatorial há dois anos sem recidiva.

DISCUSSÃO

Descrito caso de apresentação rara de adenocarcinoma gástrico precoce, com utilização de degastrectomia como terapêutica curativa, devido ao surgimento de novo tumor em coto gástrico remanescente de gastrectomia subtotal. O relato reforça a importância do seguimento de perto em pacientes oncológicos, facilitando a manejo rápido e eficaz de recidivas.

Área

ESTÔMAGO E DUODENO

Instituições

Hospital das Forças Armadas - Distrito Federal - Brasil

Autores

João Marcos Monteiro Ramos, Wendel dos Santos Furtado, Winne Nolêto Martins, Guilherme Menezes de Andrade Filho , Phylipe Augusto Oliveira, Carine Avello de Matos, José Miguel da Silva Maciel Júnior, Amanda Teixeira de Melo