Dados do Trabalho


TÍTULO

COLONOSCOPIA DESCOMPRESSIVA NA SINDROME DE OGILVIE

INTRODUÇÃO

A pseudo-obstrução colonica aguda (Síndrome de Ogilvie) é uma desordem caracterizada pela dilatação aguda do cólon na ausência de lesões obstrutivas.
Ocorre usualmente em pacientes hospitalizados, associado à trauma, infecções e doenças cardíacas. Acomete principalmente homens com idade acima de 60 anos.
O mecanismo preciso é desconhecido, porém sua associação com trauma, raquianestesia, e fármacos sugerem uma disautonomia do sistema nervoso central. A interrupção das fibras parassimpáticas de S2 a S4 leva à atonia distal do cólon e uma obstrução funcional proximal. Nesses pacientes, o aumento do diâmetro cecal eleva a tensão na parede colônica e leva à risco de isquemia e perfuração. Em algumas séries de casos, todos os paciente com diâmetro acima de 12cm perfuraram, em comparação com 3-17% daqueles <9 cm. Entretanto, a duração da dilatação é, provavelmente, mais importante que o diâmetro do cólon e estima-se o ponto crítico de 6 dias.
Seu manejo inicial é conservador naqueles sem dor abdominal significativa, dilatação extrema (>12 cm) ou sinais de peritonite. Aqueles que falham a terapia conservadora são candidatos à neostigmina, com taxa de sucesso em até 89%. O uso da colonoscopia descompressiva é reservada ao insucesso da neostigmina ou nos pacientes com contra-indicação ao fármaco.

RELATO DE CASO

Masculino, 83 anos, diagnóstico prévio de insuficiência cardíaca classe IV, FA, dislipidemia, aneurisma aorta abdominal, laparotomia prévia por úlcera gástrica perfurada, deu entrada no pronto-atendimento com quadro de IC descompensada. No 9 dia de internação em UTI começou a apresentar distensão abdominal progressiva e parada de eliminação de gases e fezes. Tentou-se tratamento clínico com jejum e sonda nasogástrica, correção de distúrbios hidroeletrolíticos, procinéticos, sem sucesso. Discutiu-se, então, a utilização de neostigmina, porém descartado pelo alto risco cardiológico e uso de beta-bloqueadores. Optou-se, então, pela colonoscopia descompressiva.
O procedimento foi realizado sem preparo pelo risco do agravamento da distensão e ruptura do ceco, utilizando-se etomidato como indução anestésica. Durante a colonoscopia, houve saída de grande quantidade de ar após cada transição anatômica, atingindo-se o ceco. O aparelho foi retirado com aspiração contínua do ar colônico. Não foi deixado sonda retal pela dificuldade técnica e ausência de material adequado. Imediatamente ao ato, já era possível observar diminuição da tensão na parede abdominal.
Na radiografia realizada após 12h, verificou-se redução importante no diâmetro cecal, e resolução completa do quadro após 48h.

DISCUSSÃO

Há uma sequência terapêutica antes da colonoscopia descompressiva, inclusive com altas taxas de sucesso, o que torna a sua utilização mais restrita. A descompressão endoscópica, nesse caso, evitou a abordagem mais invasiva em um paciente com alto risco cirúrgico, com uma resposta clínica excepcional. Apesar do risco aumentado de perfuração, há benefício inegável em sua prática.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Hospital Santa Casa de Misericórdia de Curitiba - Paraná - Brasil

Autores

Marcus Vitor Nunes Lindote, Rodrigo Rezende Silva Cabral, Magno Giovani Zanellato, Bruno Durante Alvarez, Carolina Kauling Dagnoni, Cassia Hideko Nagaya, Rafael Spinola Barbosa, Fellipe Guilherme Mann