Dados do Trabalho
TÍTULO
HERNIA INGUINAL - ESTUDO EPIDEMIOLOGICO E ESTATISTICO ENTRE DESFECHOS E TECNICAS EMPREGADAS NO ESTADO DA BAHIA
OBJETIVO
A herniorrafia inguinal é uma das técnicas operatórias mais empregadas pelos cirurgiões brasileiros, dentro da rotina de prática profissional. Apesar da alta frequência, tanto os quadros de hérnia inguinal, quanto a sua terapêutica cirúrgica aplicada, ainda são importantes objetos de estudo científicos, especialmente pela relevância dos desfechos prognósticos, pela repercussão na saúde e na retirada do indivíduo da sua rotina sociolaboral cotidiana, além do constante avançar de técnicas, telas e aparatos cirúrgicos. Nessa perspectiva, o presente trabalho busca investigar os impactos epidemiológicos das técnicas de correção de hérnias inguinais no cenário da saúde pública brasileira, nos últimos 10 anos.
MÉTODO
Trata-se de um estudo epidemiológico executado por meio de inquérito no DATASUS (SIH/SUS), no qual as informações consultadas se referiam aos dados da Bahia e do Nordeste, no período 2008 a 2017. A estatística foi analisada por meio do software OpenEpi 3.01 (MIT/USA).
RESULTADOS
As hernioplastias inguinais computaram 411.942 dos procedimentos feitos no Nordeste durante o período estudado, as quais representaram, na Bahia, 49,3% de todos as cirurgias, realizados nos últimos 10 anos. Dessas, apenas 0,32% foram via videolaparoscópica e 99,68% foram cirurgias abertas, executadas uni (93,16%) e bilateralmente (6,5%). No tocante a mortalidade, no âmbito nacional, houve correlação de menor risco associada a técnica por vídeo, do que a via aberta [p<0,01; OR=0,4 (0,33–0,49)], contudo, na Bahia, não houve correlação entre as vias abertas ou por vídeo (p=0,09), seja comparadas aos procedimentos abertos uni (p=0,2) ou bilateral (p=0,5). Entretanto, ainda na Bahia, a via aberta bilateral representou maior risco à mortalidade quando confrontada com técnica aberta unilateral [p=0,01; OR=2,5 (1,1–4,6)]. Quanto aos custos e ao internamento no estado, observou-se que a hernioplastia aberta onerou financeiramente, em média, 161,0 vezes mais que a técnica por vídeo, além de maior permanência média hospitalar, sendo ambos significativamente correlacionados (p>0,001 e p>0,001).
CONCLUSÕES
O panorama demonstra uma ínfima quantidade de procedimentos inguinais videolaparoscópicos realizados no estado, inferior a 0,5%, apesar da literatura demonstrar que estas técnicas apresentam melhores prognósticos, como menor tempo de internamento, menor custo, dentre outros. Ficou claro que a técnica aberta onerou mais, demandou maior tempo de internamento e figurou maior risco de mortalidade, nos dados da Bahia. Sugere-se assim, que as correções de hérnia por videolaparoscopia devam ganhar mais espaço na prática do cirurgião baiano, balanceado um melhor custo/benefício, em prol de uma melhor prática cirurgia na saúde pública.
Área
PAREDE ABDOMINAL
Instituições
CBC-BAHIA - Bahia - Brasil
Autores
Joao Henrique Fonseca do Nascimento, Rebeca Ferreira de Souza, Selton Cavalcante Tomaz, Adriano Tito Souza Vieira, Iago Miranda Oliveira Dórea, Andre Bouzas de Andrade, Andre Gusmao Cunha