TÍTULO

RECONSTRUÇAO DE MAMA COM MATRIZ DERMICA ACELULAR E RETALHO MIOCUTANEO DE GRANDE DORSAL: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O câncer de mama é o que tem maior incidência e maior mortalidade entre as mulheres do Brasil. No ano de 2018, foram notificados 59700 novos casos e 5372 óbitos no país. O tratamento, na maioria das vezes, envolve a retirada da mama, e o ideal é que se realize a reconstrução imediata. A técnica mais utilizada hoje no mundo é a reconstrução com implantes, sejam eles expansores ou definitivos. A depender das características do tumor, do tipo de cirurgia e de outros tratamentos associados, os danos ao tecido cutâneo podem ser irreparáveis, exigindo habilidade e experiência do cirurgião para escolha de uma técnica alternativa de reconstrução. Este trabalho tem por finalidade apresentar e discutir o manejo cirúrgico adequado de uma reconstrução mamária após danos causados pelo tratamento radioterápico em uma paciente com câncer de mama.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 44 anos, há dois anos foi diagnosticada com câncer de mama do tipo carcinoma ductal invasivo em mama direita e acometimento de linfonodos axilares homolaterais. Realizou quimioterapia neoadjuvante durante seis meses e, nesse período, foi identificada mutação no gene BRCA1, o que motivou à retirada das duas mamas. Ao término da quimioterapia, paciente foi submetida à mastectomia subcutânea bilateral com biópsia de linfonodo sentinela (negativo para neoplasia), seguida de reconstrução mamária com colocação de expansores. Teve suas próteses expandidas durante 40 dias e em seguida realizou radioterapia na mama direita por dois meses. Evoluiu com uma importante retração do tecido, intensa radiodermite e contratura capsular grau 4. Um mês depois, foi submetida à lipoenxertia na mama direita como tentativa de minimizar os danos causados pela radioterapia, mas não houve sucesso. Após um ano, paciente realizou nova cirurgia de reconstrução na mama direita, desta vez com uso de matriz dérmica acelular, retalho miocutâneo de grande dorsal, prótese definitiva e preservação do mamilo, juntamente com a troca do implante expansor por implante definitivo na mama esquerda. Teve boa evolução pós-operatória.

DISCUSSÃO

O uso de matrizes dérmicas acelulares é crescente em diversas áreas cirúrgicas que necessitam de suporte para regeneração tecidual, e a reconstrução de mama é uma delas. A tela biológica permite rápida revascularização e repovoamento celular, o que facilita a pega e o bom resultado cirúrgico. No caso descrito, a matriz dérmica foi utilizada em conjunto com o retalho miocutâneo para cobertura do implante, como técnica para reverter a contratura capsular e os danos teciduais causados pela radioterapia. Dois músculos são muito utilizados como retalho em reconstrução de mama: reto abdominal e grande dorsal. Devido às características da radiodermite apresentada pela paciente, a escolha foi pelo grande dorsal, um retalho irrigado pela artéria e veia toracodorsais. Quando comparado ao uso do reto abdominal, possui menores complicações relacionadas ao fechamento do sítio doador.