TÍTULO

RUPTURA TRAUMATICA DE CARCINOMA HEPATOCELULAR. RELATO DE CASO.

INTRODUÇÃO

O Carcinoma Hepatocelular (CHC) é considerado uma das malignidades mais frequentes no mundo, com alta incidência nos países em desenvolvimento. Tem vários fatores de risco reconhecidos para o seu desenvolvimento, sendo a infecção pelo vírus da hepatite B ou C um dos mais importantes, tipicamente são hipervasculares com sangue suprido predominantemente pela artéria hepática. A abordagem terapêutica do CHC estará orientada pelas características anatômicas do mesmo e o estado fisiológico do paciente, exigindo a atuação de uma equipe multidisciplinar. A ruptura do CHC, seja ela espontânea ou traumática, tem no seu contexto clinico a dor abdominal e a instabilidade hemodinâmica como as suas principais manifestações, se constituindo numa complicação que ameaça a vida do paciente e representa um verdadeiro desafio para as equipes atuantes.

RELATO DE CASO

Masculino de 54 anos, história de aproximadamente 5 horas de evolução, trauma abdominal contuso secundário a queda desde a própria altura (trauma direto de hipocôndrio e flanco esquerdo contra objeto rígido), deu entrada em nosso serviço com: PA 60/30 mmHg e FC 110 bpm, abdome distendido, rígido, doloroso difusamente; FAST positivo para janela hepatorrenal, esplenorrenal e pelve e negativo em janela pericárdica. Gasometria arterial: pH 7,23; BE -8,1; Lactato 6.5; Hb 7.1. Perante do quadro clinico, foi acionado o protocolo de transfusão maciça, sendo conduzido na sequência ao Centro Cirúrgico, onde durante a Laparotomia Exploradora foi evidenciado a presença de aproximadamente 3 litros de sangue em cavidade peritoneal e lesão tumoral rota com sangramento ativo em topografia de lobo esquerdo do fígado sem alterações macroscópicas de hepatopatia crônica. Foi realizada ressecção da lesão tumoral, hemostasia, empacotamento hepático e confecção de peritoniostomia vácuo. Após 48 horas foi reabordado, não evidenciou focos de sangramentos, portanto optado pelo fechamento de cavidade abdominal. Laudo de anatomia patológica da peça cirúrgica foi de Carcinoma Hepatocelular bem diferenciado. Paciente evoluiu favoravelmente recebendo alta hospitalar após 12 dias de internação.

DISCUSSÃO

A abordagem inicial da ruptura do CHC exige a atuação de uma equipe multidisciplinar que poderá implementar opções terapêuticas menos invasivas como por exemplo a embolização transarterial, até medidas mais invasivas como a Laparotomia Exploradora com ressecção da lesão e/ou cirurgia de Controle de Danos. As medidas deverão ser orientadas considerando o estado fisiológico do paciente e os recursos hospitalares disponíveis.