Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO: CARCINOMA DE CELULAS CLARAS EM PAREDE ABDOMINAL OCORRIDO POR MALIGNIZAÇAO DE FOCO ENDOMETRIOTICO

INTRODUÇÃO

Neoplasias malignas em parede abdominal são raras e dentre elas as mais encontradas são adenocarcinomas metastáticos ou resultado da evolução displásica de uma lesão benigna prévia. Demais tumores malignos de parede abdominal são
raríssimos e este é o caso apresentado neste relato. Neoplasia de células claras não metastático.

RELATO DE CASO

Paciente encaminhada por dor crônica abdominal e nódulo inicial pequeno há 2 anos , antecedente de parto cesárea há 34 anos e salpingooforectomia a esquerda há 15 anos devido lesão ovariana. Em internação, uma nova TC de abdome total evidenciou lesão expansiva de 11,4x6,5x9,5 cm . Linfonodomegalias localizadas em cadeias ilíacas comuns, externas,internas, obturatórias e inguinais.A paciente foi encaminhada para ressecção cirúrgica ampla, onde o inventário da cavidade visualizou neoplasia de parede em região hipogástrica/pélvica, sem invasão de cavidade. Realizado então ressecção da parede inferior abdominal com margem muscular e provável margem peritonial mais esvaziamento ganglionar, constatando-se exame a fresco da peça, presença de conteúdo líquido tumoral de coloração acastanhada. Procedimento sem intercorrências.Material retirado foi enviado para análise anátomo-patológica, cujo laudo constatou presença de células claras, variante com células oxifílicas, originado em endometriose de parede abdominal com exame imunohistoquímico positivo para CK7, 34 Beta E 12, Ber EP4/ Ep Cam, CD10 e negativo para CK20, prevalencendo o diagnóstico de carcinoma de células claras pouco diferenciado. Paciente recebeu alta no sétimo dia de pós-operatório. Após realização de Quimioterapia adjuvante, paciente apresentou recidiva tumoral, confirmada por anatomopatológico, após reabordagem cirúrgica em janeiro de 2019. Atualmente aguarda nova conduta da Oncologia,

DISCUSSÃO

O carcinoma de células claras extrapélvico é considerado um evento raro, sendo ainda menos provável quando o possível agente etiológico é originado de um implante endometriótico. Estima- se que apenas 1% das mulheres diagnosticadas com endometriose desenvolvem transformação maligna. O acometimento extragonadal ocorre em aproximadamente 25% dos casos e atinge preferencialmente a fáscia retovaginal, cólon e vagina. A presença de células claras representa apenas 5% dos casos. Ainda, concluiu-se que cicatrizes cirúrgicas, principalmente decorrente de partos cesáreas, entre 6-20 anos após o ato cirúrgico são fatores de risco importantes. Os marcadores tumorais mais encontrados nas análises de imuno-histoquímica foram o CA-125, CK e CA, não sendo excluído o diagnóstico, no entanto, na ausência dos mesmos.
Até 2013 foram reportados na literatura apenas 10 casos de pacientes com transformação maligna de foco endometriótico em parede abdominal. Por isso, conclui-se não haver ainda espaço amostral suficiente para determinar um projeto terapêutico adequado, assim como traçar o prognóstico da doença.

Área

PAREDE ABDOMINAL

Instituições

Hospital Puc-Campinas - São Paulo - Brasil

Autores

LUISA BEISMAN DE MORAES, MANOEL MARCELO DE OLIVEIRA CASTRO, VINICIUS DE ANDRADE BARBOSA SILVA, ANDRE MACHADO LEITE DE BARROS, DIOGO DE OLIVEIRA ANTUNES, RAPHAEL DA COSTA GIUDICE NETO, AMANDA ARAUJO DOS REIS BOTEGA, LUCAS SCATOLIN PARTEZANI