Dados do Trabalho


TÍTULO

ABORDAGEM DE TRAUMA HEPATICO GRAVE EM HOSPITAL DE PEQUENO PORTE: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O fígado é o segundo órgão mais afetado em traumatismos abdominais fechados. Na maioria dos casos, o trauma hepático é conduzido por tratamento conservador com baixas taxas de complicações e mortalidade. Relatamos, contudo, um caso de paciente com lesão hepática contusa - ocasionada por acidente de trânsito - abordada cirurgicamente devido a instabilidade hemodinâmica. Essa intervenção em hospital de baixa complexidade resultou, posteriormente, em necrose parcial de lobo esquerdo.

RELATO DE CASO

L.R.S., 18 anos, feminino, vítima de acidente automobilístico, atendida inicialmente em hospital de pequeno porte a 136 km de Uberaba. Ao exame de admissão, apresentava vias aéreas pérvias, ausculta respiratória diminuída bilateralmente, instabilidade hemodinâmica e sinais de contusão abdominal. Foi procedida a drenagem torácica bilateral com fuga aérea e pequeno débito sanguíneo. Sem resposta à reposição volêmica e sem métodos de imagem disponíveis, foi realizado lavado peritoneal (LP) com retorno de 20 ml de sangue. Encaminhada para laparotomia exploradora, foi identificada lesão de lobo hepático esquerdo com sangramento ativo, sendo realizada rafia da lesão com interrupção do sangramento. Recebeu, ainda, transfusão de dois concentrados de hemácias. Após a cirurgia, foi encaminhada para HC UFTM devido a ausência de leito de UTI no hospital de origem. Paciente foi recebida estável hemodinamicamente às custas de baixas doses de drogas vasoativas. TC de tórax com contraste evidenciou: pneumotórax residual de pequeno volume à direita e moderado à esquerda; e contusão pulmonar bilateral em lobos superiores. Já TC de abdome revelou sinais de trauma hepático em lobo esquerdo, com presença de coleção nessa topografia; pequena quantidade de líquido livre peri-hepático, peri-esplênico e na pelve; e evidências de necrose parcial do lobo esquerdo do fígado. Sob cuidado intensivo, paciente evoluiu com melhora hemodinâmica, o que permitiu desmame de noradrenalina e extubação. Liberou-se dieta branda e fisioterapia motora e respiratória. A paciente progrediu para bom estado geral, realizado desmame de O2 com sucesso e boa aceitação da dieta. Após retirada de drenos abdominais e torácicos, não apresentou queixas. Recebeu alta após 11 dias de internação.

DISCUSSÃO

O tratamento cirúrgico imediato dos traumas hepáticos é atualmente reservado para: hemorragia ativa significativa por lesões complexas, lacerações simultâneas de outros órgãos abdominais ou após falência do tratamento conservador (SOUSA, 2012). Via de regra, a abordagem cirúrgica se restringe a 10-20% dos casos (PIPER e PEITZMAN, 2010). Mas, como no caso a paciente estava hemodinamicamente instável e com LP positivo, o ideal era, de fato, a abordagem cirúrgica. Contudo, devido a necrose hepática, cria-se um questionamento da eficiência desse procedimento, especialmente por ter sido realizado em um hospital de pequeno porte e sem exames de imagem. Desse modo, o envio direto para o HC UFTM poderia ter sido uma opção mais viável.

Área

FÍGADO

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO - Minas Gerais - Brasil

Autores

Ana Letícia Freitas-Silva, Vinícius Henrique Almeida Guimarães, Raíssa Felipe-Santos, Paula Cristina Santos Soares, Thalita Cândido Oliveira, Cecília Salazar Ulacia, Beatriz Silva Inácio, Carlos Alfredo Salci Queiroz