TÍTULO

ABORDAGEM CIRURGICA VIA LAPAROSCOPICA DE CISTO HIDATICO ESPLENICO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A hidatidose é uma doença parasitária endêmica causada pelo agente Echinococcus granulosus, a qual é transmitida ao homem a partir da ingestão de alimentos contaminados por ovos eliminados por hospedeiros definitivos (normalmente cachorros infectados). Fígado (70%) e pulmões (25%) são locais comumente afetados por cistos hidáticos, podendo também ser localizados no rim, pâncreas, tireóide e baço, sendo a incidência deste último menor que 5%. A manifestação clínica da hidatidose esplênica pode incluir dores abdominais, surgimento de massas palpáveis, dentre outros. O diagnóstico pode abranger o ensaio imunoenzimático (ELISA) e pode ser confirmado por ultrassonografia abdominal e tomografia computadorizada. O tratamento da doença é eminentemente cirúrgico.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 54 anos, com história de há quatro anos ter buscado auxílio médico por conta de quadro importante de distensão abdominal, náuseas e dor abdominal em hipocôndrio esquerdo e epigástrio.No exame físico, paciente apresentava leve dor a palpação do mesogástrio, sem nenhum outro achado. Em investigação diagnóstica foi solicitado uma tomografia contrastada de abdome onde foi identificada uma lesão com atenuação cística, homogênea, sem realce, com calcificações grosseiras parietais, medindo 75 x 82 x 78 mm e ocupando os terços superior e médio do baço, sendo imagem sugestiva de cisto hidático esplênico. Posteriormente a paciente foi referenciada à infectologia do Hospital Universitário de Brasília, onde foi prescrito uso de albendazol e em seguida fora encaminhada ao serviço de cirurgia geral para o tratamento definitivo. No pré-operatório foi realizado o esquema de vacina contra germes encapsulados e programação para esplenectomia videolaparoscópica. Paciente realizou a cirurgia sem intercorrências, sendo feito no intra operatório soro fisiológico a 3% para esterilização do cisto, com retirada da peça cirúrgica por incisão de Pfannenstiel prévia. Paciente apresenta significativa melhora clínica e segue em acompanhamento ambulatorial.

DISCUSSÃO

A hidatidose com envolvimento isolado no baço é uma afecção incomum, sendo a esplenectomia o tratamento de escolha. Poucos casos de cirurgia laparoscópica são descritos na literatura para esta doença, uma vez que o rompimento destes cistos na cavidade sem esterilização prévia pode causar complicações sérias, como por exemplo o choque anafilático. Descrevemos um caso no qual a opção da via laparoscópica se mostrou segura, com esterilização prévia e retirada do cisto com a cápsula íntegra. O crescimento dos cistos hidáticos geralmente ocorre de forma lenta e assintomática, sendo as manifestações clínicas geralmente relacionadas pela compressão dos órgãos envolvidos. Apesar disso, o diagnóstico e tratamento se torna importante pelo risco de romper-se em estruturas vizinhas.