Dados do Trabalho


TÍTULO

INGESTÃO DE CORPOS ESTRANHOS EM PENITENCIARIA DE UBERABA

INTRODUÇÃO

A ingestão de corpos estranhos é frequente na prática clínica, sendo mais incidente em crianças, pacientes psiquiátricos e presidiários. Na maioria dos casos, ocorre resolução espontânea, sendo que poucos necessitam de abordagem cirúrgica. As principais complicações são decorrentes do tempo de evolução, local de impactação e tipo de corpo estranho; sendo que objetos grandes ou pontiagudos são os mais ligados a perfurações gastrointestinais. O diagnóstico é sugerido pela história prévia de ingesta de corpo estranho, sendo que o exame físico geralmente apresenta pouca contribuição. Os sinais e sintomas variam conforme as características do objeto ingerido, sendo obrigatória a avaliação de obstrução do intestino e pesquisa de sinais de peritonite. Exames de imagem, como radiografia e tomografia computadorizada, são de extrema valia.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 32 anos, assintomático, foi encaminhado ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro - Uberaba, Minas Gerais - acompanhado por agentes penitenciários, com relato de ingesta de corpos estranhos na tentativa de burlar a segurança. Relata ter ingerido uma serra, massa epóxi e drogas. Paciente negou comorbidades, uso de medicamentos e alergias. Foi realizada radiografia, que demonstrou a presença de corpo estranho radiopaco de grande tamanho em quadrante superior esquerdo, seguida de investigação com tomografia para melhor elucidação do conteúdo e localização. Após discussão, optou-se pela retirada cirúrgica do objeto devido ao seu tamanho e formato. O procedimento cirúrgico realizado foi uma gastrotomia laparotômica com acesso mediano supraumbilical, que revelou apenas uma grande massa epóxi envolta em plástico. Foi realizada fluoroscopia no intraoperatório para garantir que não existia mais nenhum dos objetos supracitados. O material foi fotografado pelo agente penitenciário e entregue à enfermagem para ser encaminhado à direção clínica. Não houve intercorrências durante o procedimento. Paciente apresentou boa evolução no pós-operatório. Iniciada dieta já no 1º DPO (dia pós-operatório), com progressão da mesma e alta no 3º DPO com retorno ambulatorial.

DISCUSSÃO

Nos casos passiveis de abordagem não-cirúrgica, o endoscópio flexível é o mais utilizado, sendo que procedimentos que não o utilizam estão associados com maiores riscos. No presente caso, houve dúvida quanto à presença da referida serra no interior do estômago e quanto a efetividade do endoscópio devido ao tamanho do objeto, optando-se então pela realização da laparotomia. A remoção cirúrgica é indicada nos casos de risco de maiores complicações (BRADY, 1991). Pacientes psiquiátricos e presidiários são a principal causa de ocorrência entre adultos e a grande maioria é intencional (EVANS ET AL. 2015). A epidemiologia da ingesta de objetos estranhos ainda é pobre e a escassa literatura é focada principalmente nos casos pediátricos, portanto o referido relato torna-se de grande relevância.

Área

ESTÔMAGO E DUODENO

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIANGULO MINEIRO - Minas Gerais - Brasil

Autores

LUISA SOUSA VIEIRA, FELIPE DINIZ BARBOSA, GUSTAVO TAKEUTI BARBOSA, MARLON SELES-PAULA, CAMILLA RODRIGUES-COSTA, CECILIA SALAZAR ULACIA, LUCAS DOMINGOS RODRIGUES CUNHA, CARLOS ALFREDO SALCI QUEIROZ