Dados do Trabalho
TÍTULO
PUNÇAO TRANSFIXANTE DA VEIA JUGULAR INTERNA COM CATETER EM MEDIASTINO: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A inserção de cateter venoso central (CVC) é um dos procedimentos médicos mais frequentemente realizados, visto a importância dos CVCs no manejo de pacientes graves, particularmente em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que necessitam destes dispositivos para infusão de drogas vasoativas, nutrição parenteral e em substituição à eventual falência de acessos venosos periféricos. Existem, entretanto, riscos significativos associados à inserção destes cateteres, sendo os mais comumente descritos a ocorrência de pneumotórax por acidente de punção, sangramento, hemotórax, trombose e infecção. Relatamos o caso de uma complicação incomum de punção de veia jugular interna, em que a veia foi transfixada e a extremidade do cateter encontrava-se no mediastino anterior.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino, 49 anos, com histórico importante de etilismo e tabagismo, internado em UTI por quadro de pancreatite alcoólica aguda com 40 dias de evolução, complicada com a ocorrência de coleção peripancreática infectada. Após diagnóstico tomográfico desta complicação, e visto permanecer febril, com leucocitose e provas de atividade inflamatória elevadas apesar de mais de 7 dias de antibioticoterapia, o paciente foi submetido a laparotomia exploradora com drenagem da coleção. Após a laparotomia, permaneceu em uso de nutrição parenteral total e encontrava-se em uso de antibióticos para tratamento de pneumonia. Encontrava-se com CVC inserido em veia subclávia, porém devido à presença de secreção próxima ao óstio de inserção do mesmo, foi optado pela troca do acesso. Foi então realizada punção de veia jugular interna direita por técnica de Seldinger, sem relato de intercorrências durante o procedimento. Embora o acesso se apresentasse funcionante, foi percebida alteração no seu posicionamento em raio-X de tórax de controle. Foi decidido então pela realização de tomografia computadorizada de tórax, que demonstrou que o cateter se encontrava inserido em veia jugular interna, porém após um trajeto no interior da veia, o mesmo atravessava a parede anterior da veia cava superior, com sua extremidade localizada no mediastino anterior. Como o paciente não apresentava sinais de sangramento ativo ou tamponamento cardíaco, foi optado por apenas retirar o cateter. A retirada foi realizada sob monitorização contínua de parâmetros hemodinâmicos e eletrocardiográficos, sendo realizada sem intercorrências. O paciente permaneceu internado em UTI, e apesar da progressiva redução no débito da fístula, evoluiu com novo quadro de pneumonia e óbito por sepse de foco pulmonar.
DISCUSSÃO
Embora a punção de CVCs seja um procedimento realizado de forma corriqueira em hospitais terciários, apresenta um risco potencial de complicações graves, que não pode ser negligenciado. Como estratégias para minimizar o risco destas complicações, podemos citar o rigor na técnica utilizada e o emprego, se disponível, de ultrassonografia para orientar a punção e o posicionamento do cateter.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
Hospital Universitário de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Autores
Gustavo de Sousa Arantes Ferreira, Leonardo Augusto Lima Farias, Fernando Fontes Souza, Andrea Pedrosa Ribeiro Alves Oliveira, Osvaldo Gonçalves da Silva Neto, Adriano Pamplona Torres