Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME DE FOURNIER EM PACIENTE DO GENERO FEMININO

INTRODUÇÃO

A fascite necrótica perineal (Síndrome de Fournier) é uma infecção polimicrobiana causada por bactérias aeróbias e anaeróbias que atuam de maneira sinérgica, levando a uma fasciite necrotizante. Trata-se de uma infecção grave dos tecidos moles, acometendo principalmente as regiões genital, perianal e perineal. Sua etiologia ainda não está totalmente esclarecida, porém sabe-se da sua associação com procedimentos uroproctológicos e ginecológicos, além de estados de imunodepressão, como diabetes melito e alcoolismo. A base do tratamento é o diagnóstico precoce e o desbridamento agressivo. Antibioticoterapia de amplo espectro, oxigenoterapia hiperbárica e cuidados locais são medidas complementares.

RELATO DE CASO

Mulher, 49 anos, nega comorbidades ou cirurgias prévias. Há 1 semana da admissão, apresentou dor perianal após evacuação e procurou proctologista. Recebeu diagnóstico de abscesso perianal, sem flutuação, e foi tratada com Ciprofloxacino e Metronidazol por 5 dias, evoluindo com sinais flogísticos em todo hemiperíneo direito. Foi admitida no Pronto Socorro de Cirurgia Geral do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) com o quadro descrito associado a sinais de sepse. Ao exame laboratorial, apresentou 25.000 leucócitos, 58% de bastões e 10% de metamielócitos. Foi submetida a drenagem de abscesso isquiorretal à direita, com identificação de corpo estranho (compatível com ossos de restos alimentares), e iniciou antibioticoterapia de amplo espectro. Evoluiu no 2º dia de pós-operatório com retorno dos sinais sépticos e área de crepitação em toda região, sendo realizado desbridamento cirúrgico do tecido necrótico. Posteriormente, foram feitos curativos diários com fibra de alginato, carvão ativado, colagenase e Protosan® por 17 dias, sem necessidade de novos desbridamentos devido a granulação da ferida. Foi mantida antibioticoterapia (Meropenem, Clindamicina e Linezolida por 21 dias), sem sinais de infecção após reabordagem. No 17º dia, fechou-se a ferida, sem intercorrências ou necessidade de retalhos/enxertos. Foi acompanhada pela Unidade de Cirurgia Plástica do HRAN e recebeu alta no 37° dia de internação. Como resultado, apresentou recuperação estética e funcional, sem recidivas.

DISCUSSÃO

A síndrome de Fournier afeta mais homens, na proporção de 10:1, e ocorre em todas as faixas etárias, sendo mais comum em indivíduos próximos aos 50 anos. Para pacientes jovens, sem comorbidades, com bom estado de nutrição e imunológico, a taxa de morbimortalidade é menor. No relato em questão, ainda que a paciente não apresentasse comorbidades nem fora submetida à procedimentos cirúrgicos, o caso evolui de maneira rápida e agressiva. Contudo, nota-se que o reconhecimento precoce e o tratamento agressivo com desbridamento extenso de toda área afetada associado à antibioticoterapia de amplo espectro, medidas de suporte clinico intensivo e curativo diário foram essências para determinação do bom prognóstico dessa paciente.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)

Instituições

HRAN - Distrito Federal - Brasil

Autores

João Lucas Farias do Nascimento Rocha , Carolina Martins Vissoci, Savio Arlindo Coelho Barbosa, Alexandre Rodrigues Alves , Rodrigo Soares Pereira, Renata de Lima e Silva Bonfim , Ivam Pereira Mendes Neto , Gustavo Travaglia Santos