Dados do Trabalho


TÍTULO

EXTRUSAO TARDIA DE TVT RETROPUBICO APOS 10 ANOS DE CIRURGIA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A incontinência urinária de esforço (IU) é definida pela Sociedade Internacional de Continência (ICS) como perda involuntária de urina. No Brasil, cerca de 10% das consultas ginecológicas apresentam queixa principal a IU, afecção que interfere na vida social, emocional e nas atividades laborais das pacientes.

RELATO DE CASO

Paciente, feminina, 58 anos, G3PN2C1, com histórico de cirurgia TVT Retropúbico (Transvaginal Tension-free Tape ou Sling) há 11 anos. Procurou o ambulatório de uroginecologia com queixas de incontinência urinária mista (IUM), vaginose crônica, infecção do trato urinário (ITU) de repetição e relato de tentativas de exérese do TVT em centro de saúde. Ao especular, notou-se retração de mucosa sub-uretral cerca de 01cm, com área friável e sangrante, sugestivo de granuloma. Não foi visualizada erosão no local de sling retropúbico na ocasião do especular ou ao toque vaginal, Teste de Azul de Metileno negativo. Uretrocistoscopia inalterada. Estudo urodinâmico (05/2017): cistometria e estudo miccional dentro da normalidade. Submeteu-se a raquianestesia para exérese de granuloma sub-uretral, na ocasião do procedimento visualizou-se tunelização retropúbica a esquerda, cruenta, hiperemiada contendo fragmento de tela sintética de Sling cerca de 04cm de aspecto necrótico. Realizado remoção do fragmento exposto, encaminhado para cultura e desbridamento de mucosa vaginal uretral. No 6º dia de pós-operatório evoluiu com farmacodermia por Aines, quadro sugestivo de Síndrome de Steven Johnson. Segue em acompanhamento uroginecológico com resolução de ITU e vaginose, tratou cultura da tela positiva para E. coli. Aguarda convalescença cirúrgica para realização de fisioterapia de assoalho pélvico.

DISCUSSÃO

A IU é condição com impacto direto na qualidade de vida das pacientes, o que demanda adequado manejo a fim de reduzir a morbidade. De acordo com o tipo de IU (Esforço, Hiperatividade do Detrusor ou Mista), opta-se pelo tratamento clínico por meio de mudanças comportamentais, fisioterapia, neuromodulação, farmacológico ou cirúrgico. Existem várias técnicas cirúrgicas para o tratamento da IU, sendo as técnicas TVT retropúbico e transobturatório as mais indicadas atualmente devido a maior taxa de cura. Cirurgias convencionais como Colpoplastia, Kelly-Kennedy, Burch ou Marshall-Marchetti podem ser uma opção para o tratamento. Complicações pós-operatórias como infecção, retenção urinária, perfuração de parede vaginal, lesão de nervo e erosão da tela são comuns. A extrusão da tela de Sling é uma complicação tardia do procedimento, com incidência na literatura entre 7,5% a 15%. Alguns fatores predispõem o risco erosão da tela, tal como tabagismo, obesidade e diabetes. Inicialmente, a erosão pode ser conduzida clinicamente com antibioticoterapia e estrogênio local por 6 a 8 semanas. Na persistência dos sintomas, é indicado a exérese da tela associada ao desbridamento dos tecidos ao redor. É necessário seguimento rigoroso a fim de avaliar a recorrência dos sintomas miccionais.

Área

GINECOLOGIA

Instituições

Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Pedro Henrique Nunes de Araujo, Leticia Maiara Nunes Araujo, Laís Ribeiro Vieira, Nathana do Prado Oliveira, Paula Faria Campos, Rodrigo Caires Campos, Fernando José Silva de Araújo, Gilmária Borges Sousa