Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA COLOVESICAL SECUNDARIA A DOENÇA DIVERTICULAR DO COLON

INTRODUÇÃO

A doença diverticular (DD) está relacionada a presença de divertículos, que são pequenas protusões de mucosa e submucosa, recobertas por serosa, em áreas de fragilidade da parede intestinal. 95% a 98% dos casos de DD ocorrem acima dos 40 anos. Dos portadores de DD, 75% não evoluem com complicações, enquanto, 25% podem evoluir com abscesso - 35%, peritonite - 16%, fístula - 14%, obstrução 12%, dentre outros. O tipo de fístula mais recorrente é a colovesical - 65%. A DD não complicada pode ser tratada de forma conservadora, porém, ausência de melhora com o tratamento conservador ou presença de complicação são indicações mandatórias de cirurgia.

RELATO DE CASO

Paciente de 84 anos deu entrada no pronto-socorro de Cirurgia Geral do Hospital Regional da Asa Norte, queixando-se de dor hipogástrica associada a disúria, polaciúria e estrangúria com cerca de 90 dias de evolução. Trouxe colonoscopia realizada há 4 anos evidenciando divertículos em sigmóide. Ao exame físico apresentava dor a palpação profunda em andar inferior (mais intensa em hipogástrio), sem outras alterações evidenciáveis. Foi solicitada ultrassonografia de próstata que evidenciou: próstata de dimensões aumentadas, sugerindo hiperplasia prostática benigna. Procedeu-se investigação diagnóstica com tomografia computadorizada de abdome com contraste que evidenciou: sinais de diverticulite aguda com formação de plastrão junto ao sigmóide, em contato com a bexiga, a qual apresentava conteúdo gasoso. Diagnosticou-se fístula colovesical secundária à diverticulite e indicou-se laparotomia exploradora. No intra-operatório foram desfeitas firmes aderências entre bexiga e sigmóide, não localizando-se a fístula (teste do refluxo com azul de metileno negativo), ressecou-se sigmóide em toda extensão com processo inflamatório e optou-se por anastomose primária colorretal término-terminal utilizando grampeador circular, sem intercorrências no intra-operatório. Paciente evolui no 2º dia de pós-operatório (DPO) com rebaixamento, dor abdominal difusa, parada de eliminação de flatos e fezes, hipertimpanismo, taquicardia e sibilância. Da rotina de abdome agudo: atelectasia considerável e pneumoperitônio com grande volume gasoso. Paciente foi prontamente submetido a nova laparotomia exploradora onde observou-se deiscência de anastomose primária, sendo realizada colostomia a Hartmann. Paciente evoluiu no 7º DPO sem intercorrências, com reconstrução programada para 3 meses.

DISCUSSÃO

A clínica apresentada pelo paciente está em consonância com os dados epidemiológicos da literatura sobre DD. O processo inflamatório regional e a proximidade anatômica entre sigmóide e bexiga favorece a formação da fístula, sendo esta geralmente de trajeto único. A sigmoidectomia total é mais indicada devido à grande recorrência quando se opta pela parcial. A reconstrução do trânsito intestinal por anastomose primária demonstra diminuição de custos, da morbidade e do tempo de internação hospitalar e das taxas de complicação.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

HRAN - Distrito Federal - Brasil

Autores

João Lucas Farias do Nascimento Rocha , Savio Arlindo Coelho Barbosa , Leonardo dos Santos Ferreira , Victor Mateus XAvier de Santana , Louizi Oliveira Souza, Gabriel Firmino Ferreira , Maira Lemos Oliveira de Galiza, Guilherme Octavio Staut Caradori