Dados do Trabalho
TÍTULO
PILEFLEBITE SECUNDÁRIA A DIVERTICULITE: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO
INTRODUÇÃO
A tromboflebite séptica da veia porta ou pileflebite é uma condição grave com morbidade e mortalidade altas. Consiste na trombose supurativa infecciosa da veia porta secundária a sepse intra-abdominal de qualquer etiologia da região drenada pelo sistema venoso portal. A causa mais comum é a apendicite aguda. A pileflebite inicia com a trombose das pequenas veias que drenam o local com infecção. A extensão da tromboflebite para veias maiores leva a tromboflebite séptica da veia porta. O diagnóstico de pileflebite exige a demonstração de trombo portal em paciente febril e com bacteremia. O diagnóstico geralmente é tardio pois a pileflebite é uma condição rara, os achados de exame físico e laboratorial são inespecíficos e a visualização dos trombos portais é difícil. Relatamos o caso de um paciente com pileflebite, complicada com abscesso hepático, secundária a diverticulite que apresentou evolução favorável.
RELATO DE CASO
Paciente masculino, 66 anos, admitido na emergência, com quadro de inapetência, astenia, icterícia e febre com 15 dias de evolução. Ao exame físico da chegada chamava atenção à icterícia. Apresentava ainda dor abdominal difusa, sem peritonismos. Laboratoriais mostraram elevação importante de bilirrubinas, bilirrubina total 13,1 com 9,6 de direta; elevação de enzimas hepáticas, com enzimas canaliculares tocadas. Além disso, apresentava leucocitose com desvio à esquerda. Tinha sorologias negativas e não tinha histórico de patologias hepáticas. A ecografia mostrou fígado com dimensões e ecogenicidade aumentadas, sem alteração de vias biliares. Mostrou ainda massa hipoecogênica, com 3,5 x 2,9 cm, na fossa ilíaca esquerda, de natureza indefinida. Para melhor avaliação da via biliar realizou-se uma colangioressonância, com ressonância estendida para avaliação de massa pélvica e fígado. A ressonância demonstrou sinais de trombose da veia mesentérica inferior com extensão para a junção esplenomesentérica, presença de trombo em ramo portal do segmento hepático VIII, identificando-se nessa localização imagem cística com restrição da difusão de 0,6 cm ( microabscesso ). Vias biliares sem alterações. Na pelve, encontrou-se espessamento parietal do sigmóide com diversas formações diverticulares, infiltração do tecido adiposo e coleções liquidas (abscessos), a maior localizada na fossa ilíaca esquerda com 3,2 cm. Apresentou boa resposta a antibioticoterapia e iniciou-se, apesar de controversa na literatura, anticoagulação. Paciente recebeu alta após 5 semanas de internação.
DISCUSSÃO
A pileflebite é uma complicação rara, muito grave, com mortalidade chegando a 30%, que por tem clínica inespecífica, deve ser conhecida para ser diagnosticada e manejada rapidamente.
Área
MISCELÂNEA
Instituições
SANTA CASA DE PORTO ALEGRE - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Estevan Taube Borré, Edgar Santin, Luis Paulo Andrioni, Alice Bianchi Bittencourt, Mayara Christ Machry, Fernando Theodoro Shenem, Julio cesar Martins Valdivia, Eduardo Taube Borré