Dados do Trabalho
TÍTULO
CONTINENCIA FECAL A MEDIO E LONGO PRAZO NA DOENÇA DE HIRSCHSPRUNG
OBJETIVO
A Doença de Hirschsprung (DH) é classicamente caracterizado pela ausência dos plexos mioentéricos e submucosos no cólon distal. Clinicamente apresenta-se com atraso na eliminação do mecônio, distensão abdominal progressiva, vômitos biliosos, peristaltismo visível e eliminação de fezes explosivas ao toque retal. O tratamento é cirúrgico e o diagnóstico confirmado pela biópsia retal. O objetivo do trabalho foi avaliar a continência fecal a médio e longo prazo nos pacientes com DH submetidos a abaixamento de cólon.
MÉTODO
Estudo retrospectivo avaliando a evolução clínica dos pacientes do programa de Manejo de Cólon e Reabilitação do Intestino Grosso (MAC) do HC Criança da USP de Ribeirão Preto, no período de 2002 a 2017. Para avaliação da continência fecal foram considerados Cleveland Clinic Incontinence Score relacionando com eventuais medidas prescritas para manejo do cólon e com técnica cirúrgica utilizada.
RESULTADOS
Foram estudados 103 pacientes com DH acompanhados no MAC. A idade variou entre 3 a 15 anos e a proporção entre os sexos foi de 3:1, com maior prevalência do sexo masculino. Quanto a extensão da aganglionose: 79% em retossigmóide, 16% longo, 4% total. A idade média no abaixamento foi de 6 meses. Quanto a técnica operatória: 57% endoanal, 22% Duhamel, 21% Soave. Os melhores índices de continência foram atribuídos a cirurgia de Duhamel (apenas 17% incontinentes). Dos pacientes com distúrbio de eliminação, a maioria foram submetidos a cirurgia de Soave (29% incontinentes) seguidos do abaixamento Endoanal (24% incontinentes). Do total de pacientes com DH, 47 pacientes (45%) estão continentes e independem de medidas enquanto que 56 (53%) apresentam algum distúrbio de eliminação. Entre os incontinentes, 37 (66%) necessitam de enemas e 19 (34%) de medicamentos ou treino de toalete. Quanto ao impacto do programa de Manejo de Cólon na reabilitação do intestino grosso observou-se que, entre os continentes, o tempo médio de manejo até o bom resultado foi de 2 anos enquanto que entre os incontinentes que passaram a ficar limpos com suporte do MAC, este tempo foi de 4 anos.
CONCLUSÕES
A médio e longo prazo, 70% (69 de 103) dos pacientes com DH atingiram, em até 4 anos, a autonomia intestinal e não apresentam escape fecal. No entanto, 30% dos pacientes com DH apresentam algum distúrbio de eliminação a despeito de medidas prescritas. A técnica operatória mostrou-se um fator relacionado a continência destes pacientes e o MAC uma boa estratégia para controle do escape fecal.
Área
CIRURGIA PEDIÁTRICA
Instituições
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP - São Paulo - Brasil
Autores
Tarcísio Junior Bittencourt Macedo, Wellen Cristina Canesin, Leila Rodriguez Martins, Alexandra Longo Camperoni, Jose Janeiro Pato Garrido, Fábio Antonio Perecim Volpe, Lourenço Sbragia Neto