Dados do Trabalho


TÍTULO

DIAGNOSTICO DE NEOPLASIA DO APENDICE VERMIFORME POR ACHADO INTRAOPERATORIO DE MUCOCELE DURANTE CESARIANA

INTRODUÇÃO

As neoplasias do apêndice cecal são raras e ocorrem em 1% das apendicectomias. Elas podem ser tumores neuroendócrinos ou epiteliais produtores de mucina, esse último dividido em neoplasias mucinosas de baixo grau e adenocarcinomas mucinosos. Já a mucocele do apêndice, que ocorre em 0,2% a 0,4% das apendicectomias, se refere ao aumento do apêndice cecal por produção e acúmulo de muco intraluminal. Esse processo pode decorrer tanto de neoplasia epitelial quanto de outras alterações que levam à obstrução do lúmen apendicular, como fecalito, retração cicatricial e hiperplasia da mucosa sem atipia celular.

RELATO DE CASO

Paciente de 35 anos, sexo feminino, G3P2A0, relata acompanhamento pré-natal completo e um histórico de dor recorrente em fossa ilíaca direita, sem outros sintomas associados. Às 34 semanas de idade gestacional, deu entrada com um quadro de dor em cólica no abdome inferior e enrijecimento abdominal progressivo, sendo submetida à cesariana. Durante o transoperatório, identificou-se apêndice cecal bastante aumentado, sugestivo de mucocele. Procedeu-se com apendicectomia no mesmo tempo com grampeador linear, sem contaminação da cavidade. A paciente evoluiu sem complicações no pós-operatório. Ao exame macroscópico, o apêndice apresentava-se com dimensões 9x3x3 cm, revestido por serosa pardacenta, fosca e espessada, sem área de perfuração, com luz dilatada e preenchida por material mucoide. O laudo da análise histopatológica da peça confirmou o diagnóstico de neoplasia mucinosa de baixo grau do apêndice cecal, sem infiltração neoplásica da serosa. A paciente foi encaminhada ao serviço de oncologia clínica para seguimento. A investigação foi complementada com TC de tórax e abdome e videocolonoscopia, sem alterações. Quanto aos marcadores tumorais, foram solicitados CA125, CA19-9 e CEA, todos dentro da faixa de normalidade.

DISCUSSÃO

A classificação das neoplasias mucinosas do apêndice é alvo de discussão. Atualmente a nomenclatura mais recente é Neoplasia mucinosa de baixo grau, também chamada de cistadenoma mucinoso, e difere do adenocarcinoma mucinoso por não apresentar evidência de invasão. As neoplasias do apêndice em geral têm sua primeira apresentação como um quadro de apendicite aguda, sendo mais incomum o diagnóstico acidental durante procedimento cirúrgico por outro motivo, como no caso descrito. O tratamento é cirúrgico, podendo ser realizada apenas a apendicectomia ou hemicolectomia direita. No entanto, devido à indicação cirúrgica ser realizada por suspeita de apendicite, geralmente o tratamento é realizado em caráter de urgência, sem o planejamento adequado e estudo histológico prévio. Nesses casos, a hemicolectomia direita não está indicada, devido ao risco de malignidade variar de 10 a 20%. Durante o procedimento, deve-se evitar a perfuração do apêndice, devido ao risco de pseudomyxoma peritonei. Após o estadiamento, serão determinadas medidas adicionais de tratamento ou investigação, como TC de tórax, abdome e pelve.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

UniCEUB - Distrito Federal - Brasil

Autores

Laisla Cristina Souza, Thiago Silva Ribeiro, Vitória Vieira, Guilherme Henrique Domingues Sousa, Franklin Pereira Santos, Eurípedes Barsanulfo Borges Reis, Élio Aguiar, Sandra Oliveira Araújo