Dados do Trabalho
TÍTULO
LIPOSSARCOMA GIGANTE EM TRANSIÇAO ESOFAGOGASTRICA – RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Os lipossarcomas são tumores malignos de tecido adiposo, sendo a presença de lipoblastos o achado histológico mais característico dos mesmos. São tumores raros, ocorrendo predominantemente em retroperitônio, parede abdominal e membros, sendo sua presença no trato digestivo bastante incomum. Os sarcomas representam cerca de 1,5% dos tumores de esôfago, sendo o leiomiossarcoma o subtipo mais frequente. O diagnóstico geralmente é feito por endoscopia digestiva alta com biópsia, embora por tratar-se de lesão submucosa, pode ser necessário o uso de agulha especial para a obtenção de tecido adequado para o diagnóstico. Os tumores acima de 4 cm podem frequentemente ser visualizados em exames de imagem do tórax. Descrevemos caso de paciente com volumoso lipossarcoma de esôfago distal submetido a ressecção cirúrgica.
RELATO DE CASO
Paciente de 71 anos, apresentando quadro de disfagia e perda ponderal importantes, realizou endoscopia digestiva que identificou obstrução extrínseca do esôfago a cerca de 20 cm da arcada dentária superior e tomografia computadorizada que visualizou volumosa lesão com aspecto sugestivo de neoplasia de partes moles, com um componente mediastinal em íntimo contato com saco pericárdico, carina, vasos pulmonares e esôfago, e um componente abdominal sem plano de clivagem com estômago. O exame não identificou lesões sugestivas de implantes secundários, e identificou sinais de trombose venosa pulmonar crônica bilateral. Devido aos importantes sintomas compressivos apresentados pelo paciente, com disfagia, dispneia e dor importante, foi optado pela realização de ressecção cirúrgica. A abordagem foi realizada por laparotomia mediana e esternotomia mediana. Foi realizada então esofagogastrectomia total, ressecção segmentar de lobo inferior do pulmão esquerdo e ressecção de partes do pericárdio e diafragma em íntimo contato com o tumor. Devido ao tempo cirúrgico prolongado, foi optado pela não realização de reconstrução primária, com confecção de esofagostomia cervical, jejunostomia, drenagem torácica fechada bilateral e drenagem mediastinal. Paciente permaneceu por tempo prolongado em unidade de terapia intensiva (UTI), sendo possível a retirada das drogas vasoativas e da ventilação mecânica. Evoluiu, entretanto, com quadro de pneumonia, com necessidade de reintrodução da ventilação mecânica e progressiva deterioração clínica, com óbito por sepse de foco pulmonar no 41 dia pós-operatório (PO).
DISCUSSÃO
Os sarcomas de esôfago constituem um grupo de neoplasias raras, sendo a dificuldade no manejo cirúrgico proporcional às dimensões do tumor e ao acometimento de estruturas adjacentes. No caso apresentado, embora a ressecção completa do tumor tenha sido possível, a evolução pós-operatória foi complicada pelo estado pré-operatório do paciente, com hipoalbuminemia decorrente de disfagia prolongada e desnutrição, bem como pelas alterações ventilatórias e perfusionais pulmonares associadas à compressão da árvore traqueobrônquica, vasos e parênquima pulmonar pelo tumor.
Área
ESÔFAGO
Instituições
Hospital Universitário de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Autores
Gustavo de Sousa Arantes Ferreira, Fernando Fontes Souza, Andrea Pedrosa Ribeiro Alves Oliveira, Leonardo Augusto Lima Farias, Adriano Pamplona Torres, Osvaldo Gonçalves da Silva Neto, Julio Marinho dos Santos Neto, Bruno Luis Oliveira Correa