Dados do Trabalho


TÍTULO

COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCOPICA EM UM PACIENTE PEDIATRICO PORTADOR DE SITUS INVERSUS E DE COLELITIASE: RELATO DE CASO.

INTRODUÇÃO

O situs inversus é uma anomalia congênita de origem autossômica recessiva rara, com incidência em cerca de 1: 15 – 20000. Ocorre devido a um defeito de rotação das vísceras na fase embrionária e é caracterizado pela inversão no plano sagital dos órgãos abdominais e/ou torácicos, o que forma uma imagem espelhada da posição usual. A litíase biliar em crianças é outra condição rara, com incidência estimada em 0,1-2%. Esse relato une essas situações em um caso de colelitíase em paciente pediátrico portador de situs inversus.

RELATO DE CASO

Paciente R.C.S., feminino, 7 anos, portadora de situs inversus previamente diagnosticada e com histórico familiar. A paciente apresentava dor em região epigástrica que se irradiava para o hipocôndrio esquerdo. Não teve febre, vômitos ou icterícia. Ao exame físico apresentava dor à palpação profunda em região epigástrica e em hipocôndrio esquerdo. Foram solicitados exames laboratorias e ultrassonografia abdominal, os quais, juntamente com a história clínica, confirmaram o diagnóstico de colelitíase em situs inversus. Havia presença de cálculo único em vesícula biliar e não se observaram evidências de colecistite aguda ou demais complicações. Foi realizada uma colecistectomia videolaparoscópica eletiva, na qual ocorreu reposição de todo cenário cirúrgico para o lado oposto do usual a fim de atender a necessidade da retirada de uma vesícula biliar à esquerda. A cirurgia foi concluída com sucesso e a paciente teve boa evolução.

DISCUSSÃO

O primeiro caso de situs inversus foi ralatado por Fabricius em 1600 e o primeiro caso de colelitíase em paciente pediátrico foi relatado em 1734 por Gibson. A partir dessas datas se observou um aumento nos casos de ambas as situações. Isso justifica a importância desse relato, uma vez que profissionais devem estar qualificados para diagnosticar e tratar não só quadros clínicos corriqueiros, mas também situações raras como a colelítiase pediátrica e a abordagem do situs inversus. A literatura mostra que, diferente dos adultos, a maioria das crianças com colelitíase apresentam dores abdominais inespecíficas. O melhor exame diagnóstico é a ultrassonografia de abdome que apresenta uma sensibilidade e especificidade superior a 95%. As complicações de colelitíase são consideradas raras em crianças quando comparadas a incidência em adultos. Quanto a terapêutica, não há protocolos bem definidos para pacientes pediátricos, mas a realização de colecistectomia videolaparoscópica em pacientes sintomáticos é recomendada. No entanto, o desafio nesse caso foi realizar a cirurgia adaptada para o situs inversus, a qual exige uma modificação na técnica cirúrgica usual para que o procedimento seja realizado de modo efetivo e seguro. Vale ressaltar que o situs inversus não configura uma contraindicação para a colecistectomia videolaparoscópica.

Área

CIRURGIA PEDIÁTRICA

Instituições

HOSPITAL SÃO LUCAS PUCRS - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Nicole Seger Cunegatti, Fernanda Osorio Alves, Joana Beatriz Younan da Silva, Cristina Junges Hartmann, Marco Antonio de Medeiros Lima, João Cyrus Bastos, Paulo Sérgio Gonçalves da Silva , Elinês Oliva Maciel