Dados do Trabalho


TÍTULO

ABCESSSO HEPATICO PIOGENICO COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇAO DE CANCER COLORRETAL

INTRODUÇÃO

O abscesso hepático como manifestação de câncer colorretal na ausência de metástase hepática foi raramente relatado na literatura. A destruição da barreira mucosa por uma neoplasia colorretal, seguida de translocação bacteriana para o sistema venoso portal, pode contribuir para a formação de abscesso por via hematogênica

RELATO DE CASO

A.M, masculino, 44 anos, foi admitido no pronto socorro devido a persistência do quadro febril, associado a calafrios, náuseas, vômitos e dor lombar nos últimos 7 dias. O exame físico revelou temperatura corporal de 39,0°C e dor a palpação na região lombar e flanco esquerdo. Exames laboratoriais mostraram: leucócitos de 16.100/μL; bilirrubina total, 2,59 mg / dL, aspartato aminotransferase, 71,7U/L; e alanina aminotransferase, 83,8 U/L; fosfatase alcalina, 72,3 U/L; gama-glutamil transferase, 301,7 U/L e proteína C-reativa 25,54 m/dL. A Tomografia Computadorizada (TC) do Abdômen Total apresentou áreas hipoatenuantes e hipocontrastantes no fígado nos segmentos IVB e VII medindo 2,6 x 2,4 x 3,4 cm (11 ml) e 6,1 x 4,6x x3,1 cm (45 ml) respectivamente, com aspecto de coleções parenquimatosas, sugerindo a possibilidade de abscessos hepáticos. Além da antibioticoterapia, realizou-se a drenagem percutânea desses abscessos. No pós-operatório da drenagem, o paciente evoluiu com taquidispnéia, manteve picos febris e se queixou de dor na região anal, cujo exame físico evidenciou uma fístula na região perianal, com saída de secreção purulenta. Ao investigar o trajeto fistuloso, a TC de abdome total evidenciou uma área de espessamento, com aspecto polipóide no cólon sigmoide, na transição com reto superior. Posteriormente, foi realizado uma colonoscopia, retirado um pedaço da lesão e enviado para o anatomopatológico, cujo diagnóstico foi Adenocarcionma de Retossigmoide.

DISCUSSÃO

Uma revisão sistemática de casos de abscesso hepático associado ao Câncer Colorretal (CCR) revelou que K. pneumoniae foi a bactéria mais prevalente (80%), e os tumores estavam localizados principalmente no cólon sigmoide e no reto 72,7%, (QU K et al, 2012). No presente relato, o paciente não se queixou de alterações no hábito intestinal, fezes com sangue ou tenesmo. Além disso, seu nível de antígeno carcinoembrionário (CEA) estava dentro dos limites normais. Corroborando com nosso artigo, Hee Yeon Kim, et al, descreveu um caso em que o paciente também não alterou hábito intestinal e valores de CEA eram normais (2016). Na pesquisa de QU et al, apenas 10% dos pacientes apresentavam sintomas associados ao CCR e a maioria dos biomarcadores relacionados ao CCR eram normais (2012). Diante desse cenário, justifica-se a importância de uma investigação completa, incluindo a colonoscopia, do abcesso hepático inexplicável com ausência de sintomas intestinais, uma vez que o abcesso hepático piogênico pode ser a única manifestação inicial do câncer colorretal sem metástase associada.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO ASSIS GURGACZ - Paraná - Brasil

Autores

ADRIANA FERNANDES SILVA, DANIELLE OLIVEIRA ANDRADE, HELLEN MIYUKI MATTOS MOTOYAMA, BARBARA PEREIRA LARA, DORYANE MARIA DOS REIS LIMA