TÍTULO

EMBALIA, RELATO DE CASO E REVISAO DA LITERATURA

INTRODUÇÃO

O termo embalia é utilizado em medicina para caracterizar a embolização de projétil de arma
de fogo na circulação sanguínea. O trauma vascular por arma de fogo é frequente, porém a
ocorrência de embalia é extremamente rara, representando cerca de 0,3% entre os traumas
vasculares.Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de embalia atendido no Hospital
Universitário de Santa Maria - RS e revisar a literatura.

RELATO DE CASO

Trata-se de um paciente masculino, com 22 anos de idade, vítima de ferimento por arma de fogo na face posterior do hemitórax esquerdo, que desenvolveu sinais clínicos de oclusão arterial aguda no membro inferior
esquerdo. Foi submetido a extração cirúrgica do projétil em artéria femoral comum, com retorno imediato dos pulsos arteriais e reperfusão da extremidade.

DISCUSSÃO

Os principais fatores relacionados à embalia são projétil de pequeno calibre e baixa energia cinética, além do diâmetro do vaso maior que o do projétil. As manifestações clínicas são: dor, parestesias, palidez, cianose, ausência de pulso e gangrena da extremidade. Outros sinais clínicos variam conforme a migração do projétil. Estes, geralmente, ocorrem logo após o míssil entrar na circulação, mas também podem ocorrer dias, semanas ou, até mesmo, anos depois do trauma. Devido a sua baixa prevalência, para o diagnóstico precoce de embalia, necessita-se de um profissional médico com alta suspeição diagnóstica que avalie com atenção a trajetória do projétil. Deve haver suspeita de embalia em qualquer paciente com trauma por arma de fogo quando não se identifica o ferimento de saída do projétil. Suspeita-se também quando há evidência radiológica da presença de uma bala em locais anatômicos incomuns, sem qualquer relação com a ferida de entrada e / ou onde a evidência radiográfica não corresponde para a trajetória de bala esperada. O manejo inicial de todos os êmbolos de bala inclui localização com radiografia total do corpo. A tomografia computadorizada e a angiografia terão suma importância no manejo, se o paciente estiver estável hemodinamicamente. Embora não haja consenso a respeito do tratamento e indicações para a remoção de êmbolos de bala de projétil, a maioria dos estudos recomenda tratamento conservador com acompanhamento longitudinal nos casos assintomáticos e recomenda a remoção cirúrgica da bala quando houver sintomas ou se houver possibilidade de complicações em deixá-la no lugar. O principal objetivo da remoção do projétil, como no caso relatado, é a restauração do fluxo sanguíneo, para prevenir propagação complicações, como gangrena, amputação da extremidade e óbito. Portanto, apesar da embalia ser rara, alta suspeição resulta em diagnóstico e tratamento precoces que acarretam na atenuação da morbimortalidade.