Dados do Trabalho


TÍTULO

DILEMAS ENTRE A ESCOLHA DO TRATAMENTO CONSERVADOR VERSUS OPERATORIO NUM PACIENTE ASSINTOMATICO APOS ULCERA PEPTICA PERFURADA

INTRODUÇÃO

A doença ulcerosa péptica afeta em média 4 milhões de pessoas no mundo anualmente, sendo a perfuração da úlcera uma das complicações mais comuns que que acometem o trato gastrointestinal e indicam cirurgia de emergência. Este trabalho visa divulgar um caso ulceração péptica que evoluiu com bloqueio espontâneo e a escolha do tratamento.

RELATO DE CASO

T.F.F., masculino, 21 anos, branco, 70 kg, foi admitido em Unidade de Pronto Atendimento, queixando de dor abdominal epigástrica súbita após alimentação e um episódio de vômito. Sem febre, diarreia ou outros sintomas. Ao exame físico, apresentava abdome plano, flácido, doloroso à palpação da região epigástrica, ausência de massas ou visceromegalias palpáveis e sem sinais de irritação peritoneal. Foi realizado analgesia escalonada com melhora parcial do quadro. Paciente foi então internado para observação do quadro. Na evolução diária, paciente apresentava-se assintomático, sem queixas, deambulando, abdome sem dor ao exame. Fez ingesta de dieta leve, aceitou bem alimentação. Exames laboratoriais sem alterações. No entanto, a radiografia de abdome evidenciou pneumoperitôneo. Com esse achado radiológico, paciente foi encaminhado ao serviço de referência, para seguimento adequado. Foi então realizado tomografia computadorizada de abdome com contraste endovenoso que confirmou o pneumoperitôneo e não mostrou lesões adicionais. Foi então indicado a laparotomia exploradora via incisão mediana supra umbilical, sendo encontrado uma perfuração puntiforme em antro gástrico, parede anterior, sem drenagem espontânea de conteúdo gástrico, com fígado e vesícula biliar tamponando a perfuração. Realizado então ulcerorrafia associado a um “patch” de epíplon. Coletado material para estudo anatomopatológico. Paciente evoluiu bem com alta no 3º dia pós-operatório.

DISCUSSÃO

Apesar da intervenção rápida ser mandatória em casos de perfuração da úlcera gástrica, alguns pacientes terão um “bloqueio” espontâneo, evidenciado pelo quadro clínico estável, que deve-se à aderência do omento e de órgãos adjacentes à perfuração. Desde 1946, é documentado sucesso com tratamento conservador para os pacientes assintomáticos, apresentando uma mortalidade em média, de 5.2%, o que era significativo em vista dos altos riscos cirúrgicos da época. Com o advento das técnicas cirúrgicas e o consequente decréscimo na morbi-mortalidade dos pacientes, o tratamento não-operatório não é muito bem difundido na sociedade literária. Além disso, o tratamento conservador implica em cuidados intensivos, exige um compromisso de exame clínico ativo e a disponibilidade do cirurgião, pois na vigência de complicações, a cirurgia de emergência é necessária. O tratamento cirúrgico empregado no caso foi uma escolha sabidamente segura, em vista das diversidades literárias e incertezas no emprego de táticas conservadoras, levando também em conta a disponibilidade da equipe cirúrgica para intervenção de urgência.

Área

ESTÔMAGO E DUODENO

Instituições

Santa Casa de Franca - São Paulo - Brasil

Autores

Rafael Gramulha Nagasso, Cláudio Henrique Formigoni Reviriego, Bruna Lemos Silva, Priscilla Santos Melo, Barbara Alves Campos Ferreira, Caio Cesar Faciroli Contin Silva