Dados do Trabalho


TÍTULO

NEOPLASIA MUCINOSA DE APENDICE

INTRODUÇÃO

As neoplasias do apêndice cecal são entidades raras que, quanto à histologia, podem ser distinguidas em dois grandes grupos: neoplasias de origem epitelial e não epitelial. Entre as de origem epitelial, as neoplasias mucinosas são as mais frequentes. A produção e acúmulo do muco provocam obstrução e dilatação do apêndice, condição conhecida como mucocele. A ruptura pode provocar disseminação peritoneal da neoplasia com produção secundária de muco e celularidade variável, complicação denominada pseudomixoma peritoneal. A apresentação clínica é variada, abrangendo desde quadros totalmente assintomáticos até dor abdominal aguda à descompressão, perda de peso, náuseas e vômitos. O diagnóstico raramente é feito no pré-operatório devido ao seu quadro clínico inespecífico, logo ocorre predominantemente no pós-operatório por meio de análise anatomopatológica. O tratamento consiste na excisão da neoplasia e, em alguns casos, linfadenectomia e hemicolectomia direita quando ocorre invasão de estruturas adjacentes.

RELATO DE CASO

PGA, 51 anos, masculino, hipertenso e diabético, admitido no Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO) com dor abdominal difusa com cerca de 20 dias de evolução associada a náuseas, vômitos e parada de eliminação de gases e fezes. Apresentou abdômen distendido e descompressão brusca dolorosa em mesogástrio. Exames laboratoriais mostravam leucocitose discreta e PCR de 120. A tomografia da admissão demonstrou laudo sugestivo de divertículo de Meckel sem sinais de inflamação, leve dilatação difusa de alças do intestino delgado com presença de alguns segmentos com espessamento parietal concêntrico, sugestivos de ileíte/ doença inflamatória intestinal. Submetido à laparotomia exploradora notou-se dilatação em ponta do apêndice com conteúdo mucinoso, com 5 cm de margem da base e distensão de alças de delgado. Realizou-se ligadura e secção do apêndice com confecção de bolsa de tabaco. Apresentou boa evolução clínica com alta no 3º pós-operatório. Em retorno ambulatorial, relatou de febre vespertina de 39º C há 14 dias, sem outras queixas. Foi solicitada nova tomografia, que mostrou densificação dos planos adiposos pericecais na fossa ilíaca direita com pequena coleção localizada de 4,3x1,7 cm anteriormente ao ceco e outra coleção adjacente à borda póstero-superior da bexiga de 3,1x2,7 cm, sendo tratadas com antibioticoterapia. Análise anatomopatológica revelou neoplasia mucinosa de baixo grau do apêndice, sem invasão estromal e margens cirúrgicas livres. Após controle das coleções o paciente foi mantido em acompanhamento ambulatorial com boa evolução do quadro clínico.

DISCUSSÃO

As neoplasias mucinosas possuem espectro clínico amplo o que dificulta o diagnóstico imediato e o posterga até a confirmação do tipo histológico do tumor. Apesar de não serem frequentes, o conhecimento acerca dessas entidades é essencial para o correto diagnóstico e manejo da neoplasia, uma vez que o tratamento pode impactar na sobrevida dos pacientes.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

HOSPITAL DE URGÊNCIAS DE GOIÂNIA - Goiás - Brasil

Autores

GABRIEL AMORIM BRITO, JONAS BORGES SANTOS AMORIM, DÉBORA AMORIM BRITO, CARLOS NEY MESQUITA JUNIOR, ERICKA SOUZA, THALLES MELO, FRANCISCO ALBINO REBOUÇAS JÚNIOR, ALEX CAETANO SANTOS