Dados do Trabalho


TÍTULO

VOLUMOSO SEMINOMA EM TESTICULO PELVICO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Os seminomas são tumores malignos de células germinativas, sendo o testículo o local mais comum de seu desenvolvimento. Em pacientes com criptorquidia, existe um risco aumentado do surgimento de neoplasias no testículo ectópico, chegando a acometer 10% dos pacientes que chegam à vida adulta sem a realização de orquiectomia ou orquidopexia. Os seminomas respondem por cerca de 90% destas neoplasias, e acredita-se que a temperatura mais elevada na cavidade abdominal quando comparada à bolsa escrotal possui fator preponderante no desenvolvimento destas neoplasias. Descrevemos o caso de um paciente com volumosa massa pélvica, que se tratava de seminoma surgido de testículo pélvico.

RELATO DE CASO

Paciente de 40 anos, sexo masculino, embora tenha sido observada desde a infância a presença apenas do testículo esquerdo em bolsa escrotal, não tinha realizado investigação ou tratamento adicional para criptorquidia. Paciente foi diagnosticado na infância com duplicação pielocalicial em rim direito, sendo submetido a nefrectomia parcial, com rim direito atrófico e rim esquerdo vicariante. Foi encaminhado ao hospital com queixas de dor e desconforto em região de hipogástrio, associada a massa palpável. Foi submetido a biópsia percutânea da lesão, que revelou tratar-se de seminoma, e então encaminhado à oncologia para tratamento clínico. Após completar o ciclo completo de tratamento quimioterápico, realizou tomografia computadorizada de abdome que revelou apenas discreta redução nas dimensões da massa, que ocupava quase toda a pelve do paciente. Não haviam no exame de imagem sinais de implantes secundários da lesão. Foi optado então pelo tratamento cirúrgico da lesão. No intra-operatório, a lesão encontrava-se firmemente aderida ao cólon sigmoide e ao seu mesocólon. Foi realizada então a ressecção do tumor, sigmoidectomia com anastomose primária e esvaziamento linfonodal lomboaórtico. O paciente evoluiu com fístula da anastomose colônica diagnosticada no 7 pós-operatório (PO), com necessidade de reabordagem cirúrgica, confecção de sigmoidostomia e internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Durante o período de permanência na UTI, apresentou episódio de broncoaspiração com consequente encefalopatia hipóxico-isquêmica e óbito.

DISCUSSÃO

O desenvolvimento tardio de neoplasias malignas de linhagem germinativa é uma das complicações possíveis da criptorquidia não tratada. Como no caso descrito o paciente apresentava duplicação pielocalicial associada à criptorquidia, é provável que tenha ocorrido um defeito no desenvolvimento dos ductos paramesonéfricos e mesonéfricos durante o crescimento embrionário. Devido ao diagnóstico tardio do seminoma e à resposta ruim apresentada ao tratamento quimioterápico, foi necessária a realização de cirurgia de grande porte para a ressecção. Esse achado reforça a importância do tratamento o mais precoce possível da criptorquidia, com orquidopexia ou orquiectomia, para evitar o surgimento destas complicações.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Hospital Universitário de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Gustavo de Sousa Arantes Ferreira, Fernando Fontes Souza, Leonardo Augusto Lima Farias, Osvaldo Gonçalves da Silva Neto, Andrea Pedrosa Ribeiro Alves Oliveira, Ana Virginia Ferreira Figueira, Debora Sara Almeida Cardoso, Adriano Pamplona Torres