Dados do Trabalho


TÍTULO

ENDARTERITE DE ARTERIA PULMONAR EM PACIENTE COM PERSISTENCIA DO CANAL ARTERIAL: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A endarterite de artéria pulmonar (EAP) é causada pela infecção por bactérias ou fungos, em grandes vasos, que podem também acometer o coração, gerando endocardite infecciosa (EI). Os principais agentes são o Streptococci spp e o Staphylococcus aureus. É uma doença rara, grave e de difícil diagnóstico. Ocorre principalmente em usuários de drogas endovenosas, complicação de shunts intracavitários e persistência de canal arterial (PCA). Na criança, as cardiopatias congênitas são o principal fator de risco para EI, sendo a PCA uma causa muito rara. Sabe-se que incidência da PCA é cerca de 1/2.000 - 2.500 nascidos vivos, cerca de 10% das cardiopatias congênitas. Dessa forma, apresenta-se um caso de EAP em paciente com PCA, submetido a tratamento cirúrgico

RELATO DE CASO

Paciente, 16 anos, masculino, histórico de PCA em acompanhamento há 7 anos, sem cardiopatias e outras comorbidades. Relata febre há 2 meses associado a vômitos e diarreia. Após tratamento sintomático, referiu persistência da febre, associada a tosse produtiva e astenia. Diagnosticado com pneumonia e internado em UTI. Perda de 5kg no período. Ao exame: sopro sistólico 3+/6+ em foco pulmonar com irradiação para fúrcula, axila esquerda e região interescapular, FC de 107 bpm. Apresentava MVF com estertores discretos em terço inferior. Foram solicitados ECOTT, que indicou PCA alto fluxo, interrogando-se de endarterite e pericardite. Hemocultura indicou crescimento de S. aureus sensível à oxacilina, iniciando ATB. Após 31 dias, persistindo sintomas, foi indicado tratamento cirúrgico para fechamento de PCA, com toracotomia mediana. Encontrou-se aderências e espessamento de pericárdio e vegetação em artéria pulmonar. Realizado isolamento e ressecção do PCA. Posterior abertura de artéria pulmonar, 1 cm² dissecado, somado a ressecção de vegetação proeminente. Evoluiu bem, recebendo alta com melhora do quadro e fim da AT.

DISCUSSÃO

A PCA é citada como fator de risco para o desenvolvimento de endarterite, mas escassos são os relatos que documentam tal associação. Nesse caso, o paciente apresentou sintomas frequentemente descritos, como febre persistente de origem desconhecida e manifestações inespecíficas como mal-estar geral, anorexia e perda ponderal. A presença de sopro cardíaco é praticamente universal, quando há EI. A cirurgia (debridamento, reparo ou troca valvar) pode ser necessária para tratar infecção persistente apesar de ATB ou insuficiência valvar grave, reservada para os casos complexos. Por fim, o caso apresentado é peculiar não só pela evolução prolongada da doença, mas também pela necessidade de indicação cirúrgica, que geralmente é restrita. Este caso, ressalta que apesar da EAP e/ou a EI se manifestarem em grupos de risco, estas condições devem ser consideradas em pacientes com febre contínua e bacteremia inexplicada, devendo-se proceder com investigação ecocardiográfica, pois há possibilidade da existência de endarterite de canal arterial previamente desconhecido.

Área

CIRURGIA PEDIÁTRICA

Instituições

Universidade Federal de Goiás - Goiás - Brasil

Autores

RICARDO VIEIRA TELES FILHO, VICTÓRIA COELHO JÁCOME QUEIROZ, LUCAS HENRIQUE SOUZA DE AZEVÊDO, GUILHERME DE MATOS ABE, LUIZ CÉSAR DE CAMARGO FERRO, LUIZ PEDRO FERREIRA DE ASSIS, VINÍCIUS GUILARDE ANCELMO